Ascensão do Senhor
“Esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à Direita de Deus; aspirai Às coisas celestes e não às coisas terrestres. Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória” (Cl 3,1-4).
“Esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à Direita de Deus; aspirai Às coisas celestes e não às coisas terrestres. Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória” (Cl 3,1-4).
Convido-os a contemplar este ícone um instante: “homens da Galiléia, por que estais admirados, olhando para o céu? Este Jesus há de voltar, do mesmo modo que o vistes subir!”
Vejamos um pouco dos sacramentários e o que hoje esta solenidade nos quer dizer:
a) Formação e evolução
Para falarmos da formação e evolução da Ascensão do Senhor, importa inspirar-nos, primeiro, no livro dos At 1,6-8, onde os discípulos se interrogam sobre o tempo da reconstrução do reino, percebido sobretudo no ponto de vista político. Por isso, nos primórdias da Igreja a Ascensão de Jesus foi ligada à descida do Espírito Santo (o último dia da Quinquagésima Pascal) e celebrava-se juntos a Ascensão e Pentecostes como uma única festa.
A fixação do dia de Pentecostes é
que deu origem a fixação de um dia dedicado à Ascensão do Senhor. Sob
influência dos Actos dos Apóstolos, foi escolhido o 40º dia depois da Páscoa.
Foi assim que a festa da Ascensão tornou-se independente do. Esta aparece na
segunda metade do século IV, e no século seguinte já era celebrada quase por
toda a Igreja. Neste período, em Roma, São Leão Magno dedica–lhe dois sermões.
No entanto, deve-se afirmar com Egéria que, narrando a sua celebração, a supõe
ainda unida ao Pentecostes.
O sacramentário de Verona contém seis formulários de Missa in Ascensa Domini. O sacramentário gelasiano nos apresenta com uma única Missa, orationes et preces in Ascensa Domini. No sacramentário gregoriano figura um formulário in Ascensa Domini»[5].
Os formulários de Missas do sacramentário de Verona, que acima citamos, são particularmente os mais ricos. O primeiro distingue-se dos outros, principalmente pelo seu prefácio. O prefácio do primeiro formulário insiste na glória do Senhor ressuscitado, que se manifestou de modo palpável a todos os discípulos no quadragésimo dia depois da ressurreição; visão de glória que os dicípulos confirmaram na sua fé e mereceu maior força nos seus ensinamentos.
O segundo formulário, que possui
somente um prefácio próprio, salienta que, se a Ascensão do Senhor atesta que a
descida do Verbo na carne não interrompeu a glória que desde sempre se tem
junto do Pai, prova também que Jesus subiu no Céu com a natureza humana e que
da mesma maneira o homem é participante da divindade.
O terceiro formulário, que possui somente um prefácio e um comunicantes, vê o rei da glória (Jesus Cristo) a tomar parte do seu trono de glória à direita do Pai, na presença dos Anjos.
O quarto formulário contém um prefácio e um postcommunio, insiste de que a Ascensão do Senhor constitui para nós uma promessa.
O quinto traz um prefácio e uma
colecta, e afirma que os nossos olhos quando se voltam para o Céu se desapegam
dos prazeres da terra.
O sacramentário gelasiano na sua última Missa oferece duas orações antes do prefácio. A primeira baseia-se no relato da Ascensão, recorda a promessa que com esse evento nos é feita, a saber: «viver com o Senhor na Pátria Celeste»[6].
O prefácio, por sua vez, nos
relembra as várias etapas da Salvação. Proclama que com sua Ascensão, Jesus
abriu-nos a porta do Céu ao encontro do Pai. Este sacramentário vê a subida do
Senhor ao Céu como realização da nossa participação na divindade.
b) A Celebração da Ascensão hoje
O Missal do Vaticano II tirou o título Tempus Ascensionis, que no Missal de 1952 precedia o título In Ascensione Domini, uma vez que aquele título anulava o significado de Quinquagésima Pascal.
Na liturgia da festa da Ascensão
estão propostos dois prefácios. A colecta da Missa foi composta recentemente,
tal como os dois prefácios, destaca que a Ascensão do Senhor é também a nossa,
isto é, a Ascensão de Cristo preanuncia a nossa ascensão.
De acordo com o novo Lecionário, algumas leituras foram alteradas. Ele apresenta para o ciclo trienal A,B,C, uma mesma leitura dos Act 1,1-11, em que se recorda a ressurreição e se narra a Ascensão do Senhor. Na 2ª são propostos 3 trechos do Novo Testamento. Para o ano A, Ef 1,17-23; para o ano B, Ef 9,1-13, e para o ano C, Heb 9,24-28; 10,19-23. Quanto ao Evangelho, também são propostas três leituras diferentes: para o ano A, Mt 28,16-20, para o ano B, Mc 16,15-20 e, para o ano C, Lc 24,46-53.
A hodierna Solenidade, caríssimos, é uma só com a do Dia de Páscoa: Aquele que admiramos ressuscitado em glória na Ressurreição, hoje, contemplamo-lo à Direita de Deus, com a mesma autoridade do Pai, e o proclamamos Cabeça da Igreja, Senhor sobre toda a criação, sobre toda a humanidade, Princípio e Fim da história humana e Juiz dos vivos e dos mortos. No Dia da Páscoa contemplamos o Cristo resplendente de Glória; na Festa de hoje, contemplamos o que essa glória significa para nós todos.
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