sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Quaresma: preparação "pelo qual se sobe ao monte santo da Páscoa"
Vem do latim, quadragesima dies (o dia quadragésimo, antes da Páscoa). É o tempo de preparação «pelo qual se sobe ao monte santo da Páscoa», como o descreve o Cerimonial dos Bispos (CB 249).
Começa em Quarta-Feira de Cinzas e termina pela tarde de Quinta-Feira Santa, antes da Missa Vespertina da Ceia do Senhor, com que se inaugura o Tríduo Pascal. A Quaresma organizou-se a partir do século IV.
A sua história anterior não é muito clara. Parece que o seu gérmen original foi o jejum pascal de dois dias, na Sexta e no Sábado antes do Domingo da Ressurreição, espaço que, a pouco e pouco, se alargou a uma semana, depois a três e, segundo as diversas regiões, sobretudo nas do Oriente, como o Egipto, até às seis semanas ou quarenta dias. Em Roma, a Quaresma já estava constituída, entre os anos 350 e 380.
Para dar sentido a este período, como preparação da Páscoa, teve certamente grande influência o simbolismo bíblico do número quarenta: os episódios de quarenta dias do dilúvio, antes da aliança com Noé; de Moisés e os seus quarenta dias no monte; do Povo de Israel e os seus quarenta anos pelo deserto; de Elias caminhando quarenta dias para o monte do encontro com Deus; e, sobretudo, os quarenta dias de Jesus no deserto, antes de começar a sua missão messiânica.
Estes episódios têm em comum o significado de um tempo de prova, de purificação e de preparação para um acontecimento im¬por¬tante e salvador. «Todos os anos, pelos qua¬ren¬ta dias da Grande Quaresma, a Igre¬ja une-se ao mistério de Jesus no deserto» (CIC 540).
A Quaresma começava originariamente no Domingo. Mas, mais tarde –séculos VI-VII – acentuou-se como característica determinante o jejum, e como, aos domingos, não se jejuava, adiantou-se o seu início para a quarta--feira anterior ao primeiro domingo, a que de imediato se chamou «de Cinzas», para que a Páscoa fosse precedida de quarenta dias de jejum efectivo. E, ainda se foi antecipando mais a preparação com os Domingos da Quinquagésima, Sexagésima e Septuagésima, que, na última reforma, foram suprimidos.
Na Liturgia hispano-moçárabe, a Quaresma começa no primeiro domingo com uma festiva despedida do Aleluia. A segunda parte, que começa no terceiro domingo, recebe o nome de «De Traditione» (a Paixão).Neste contexto de Quaresma, tinha lugar a última etapa do catecumenado: os que se preparavam para serem baptizados, na Noite Pascal, tinham, nestas semanas anteriores, reuniões de oração, escrutínios e exorcismos.
O Concílio Vaticano II determinou expressamente que se acentuasse o carácter baptismal e penitencial da Quaresma, «sobretudo através da recordação ou da preparação para o Baptismo e através da Penitência, dispõe os fiéis, que com mais frequência ouvem a Palavra de Deus e se entregam à oração, para a celebração do Mistério Pascal» (SC 109).
Agora «a liturgia quaresmal prepara para a celebração do Mistério Pascal tanto os catecúmenos, através dos diversos graus da iniciação cristã, como os fiéis, por meio da recordação do Baptismo e das práticas de penitência» (NG 27).A nova ordenação do Calendário (cf. NG, de 1969) preferiu não situar o início da Quaresma no primeiro domingo, que parecia o mais lógico, pelo enraizamento que, ao longo dos séculos, tomou a Quarta-Feira de Cinzas.
As seis semanas da Quaresma dividem-se em três etapas, marcadas pelos Evangelhos correspondentes: os dois primeiros domingos, com as tentações e a transfiguração do Senhor; os três seguintes, com as catequeses baptismais da samaritana (água), do cego (luz) e Lázaro (vida), próprias do *ciclo A, mas que se podem seguir cada ano, embora haja outra série de leituras para cada ciclo; e, finalmente, o domingo sexto, chamado de Ramos ou da Paixão, que inaugura a Semana Santa.Também as primeiras leituras destes domingos têm uma organização interior que dá um sentido especial à Quaresma, sobretudo no ciclo A. São seis momentos significativos da História da Salvação: a criação do mundo, Abraão, o Êxodo e Moisés, o rei David, os profetas e o Servo de Javé.
Tudo isso ajuda a entender a Quasresma como um caminho de crescen¬te preparação para a celebração da Páscoa. As características ambientais e celebrativas da Quaresma, já desde há séculos, são a ausência do Aleluia nos cânticos, a austeridade na ornamentação do espaço celebrativo (sem flores nem música instrumental), a cor roxa dos paramentos do sacerdote (menos no quarto domingo, «Lætare», em que se pode usar a cor rosa); os escrutínios catecumenais (o Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos coloca o rito de «eleição» para a última etapa catecumenal, no primeiro domingo da Quaresma e, a partir daí, várias reuniões de escrutínios); as missas estacionais, à volta do próprio bispo, originadas em Roma mas recomendadas para as outras igrejas em que pareçam convenientes; o exercício da via-sacra; a «confissão pascal», a celebração do sacramento da Reconciliação, como preparação imediata para a Páscoa…

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O Ano Litúrgico

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Quaresma, Liturgia e Silêncio
Escrito por Márcio Carvalho da Silva Sáb, 21 de Fevereiro de 2009 13:47 Quaresma, Liturgia e silêncio O amor misericordioso de Deus nos enche da esperança de uma vida nova mediante o mistério pascal, o fundamento da nossa fé cristã. De fato, o tempo da quaresma na vida da Igreja orienta seus membros para uma renovação profunda, como fruto da conversão que deve ser animada pela boa nova das palavras e ações de Jesus.A nossa fé se expressa de um modo especial na vida litúrgica. Para nosso auxílio, a Igreja propõe gestos e atitudes significativos.O silêncio antes, durante e após a Celebração é retomado com mais evidência nesse tempo da Quaresma.
Um silêncio que brota do coração que celebra e o conduz ao essencial, isto é, o mistério da fé. O "hino de louvor" e o "Aleluia" da aclamação ao Evangelho são omitidos, o que torna uma referência para que os fiéis compreendam que a Igreja está num retiro, na busca do despojamento tendo como Mestre e Modelo o próprio Jesus.Por esse motivo, "no tempo da Quaresma só é permitido o toque do órgão e dos outros instrumentos musicais para sustentar o canto" (IGMR 313) de modo que a assembléia experimente certo impacto e se envolva efetivamente no que a Igreja propõem. O mesmo serve para ornamentações: "No tempo da Quaresma não é permitido adornar o altar com flores. Excetuam-se, porém, o domingo Laetare (IV da Quaresma), as solenidades e as festas" que podem ocorrer nos dias de semana (IGMR 305).Seria uma grande oportunidade para pôr em prática o que a própria Instrução Geral do Missal Romano indica (IGMR 45): "no ato penitencial e a seguir ao convite à oração, o silêncio destina-se ao recolhimento interior; a seguir às leituras ou à homilia, é para uma breve meditação sobre o que se ouviu; depois da Comunhão, favorece a oração interior de louvor e ação de graças". Evite-se a insistência de tantos comentários, com informações evidentes e desnecessárias, que atrapalham o "ritmo" da Santa Liturgia.
Márcio Carvalho da Silva
Colaboração de: Ir. Ronildson de Aquino, FAM
ronyfam@yahoo.com.br