domingo, 24 de junho de 2012

“Admiração eucarística”: a prática litúrgica como fonte para a teologia

Para o jesuíta Cesare Giraudo, a teologia também pode nascer à luz das celebrações litúrgicas. Segundo ele, é preciso desfazer a divisão milenar entre liturgia e reflexão teológica

Por: Moisés Sbardelotto e Patricia Fachin | Tradução: Alessandra Gusatto

“Quando celebramos a santa missa, vamos ao Calvário com os pés da alma e os pés da fé, subimos todos o Calvário naquela primeira Sexta-feira Santa e retornamos ao túmulo do ressuscitado naquele primeiro Domingo da história”. Em outras palavras, “a Igreja vive a partir da Eucaristia”. Esse “estupor eucarístico” é que estimula a pesquisa e a obra do italiano Cesare Giraudo, considerado uma das maiores autoridades em liturgia na atualidade. Padre jesuíta, Giraudo esteve na Unisinos em março, participando da programação da Páscoa IHU 2010, com o curso “Eucaristia: da liturgia à vida”, entre os dias 22 e 25, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

Nesta entrevista, concedida, pessoalmente, à IHU On-Line, Giraudo abordou alguns pontos centrais de sua reflexão – como epiclese, a importância da oração dos fiéis e o valor da expressão litúrgica “Kyrie eleyson” –, além de comentar os aspectos mais importantes da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II. Segundo ele, a reforma serviu para aliviar o “edifício” da liturgia e restaurar a sua fisionomia, depois de tantos séculos, para revelar o seu “esplendor”.

Giraudo também defende a dimensão sacrifical da missa. Para ele, é preciso “não ignorar a dimensão sacrifical da missa, porque esta significa o evento pascal”. Na missa, “somos remetidos ao evento pascal para voltar a emergir na morte do Senhor Jesus e morrer ao nosso pecado, ao nosso egoísmo, e voltar a renascer na sua ressurreição”. Por isso, defende que a Igreja deveria encontrar “um caminho de misericórdia” para que todos os cristãos participem dos sacramentos, referindo-se a casais de segunda união e homossexuais. “O sacerdote deve dar a comunhão a todos aqueles que se apresentam para recebê-la. Quem se apresenta à comunhão recebe a comunhão. Depois, cada um, na sua consciência, estabelece o seu comportamento”, resume.

Sacerdote jesuíta italiano e doutor em teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Cesare Giraudo viveu muitos anos em Madagascar, na África, desenvolvendo seu ministério pastoral. Regressando à Europa, lecionou teologia dogmática e liturgia na Pontifícia Faculdade Teológica da Itália Meridional, em Nápoles. Atualmente, é professor do Pontifício Instituto Oriental, na Pontifícia Faculdade Teológica de Nápoles e na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Tem diversos livros publicados sobre liturgia. Aqui citamos os traduzidos para o português: Num só corpo. Tratado mistagógico sobre a eucaristia (Ed. Loyola, 2001), Redescobrindo a eucaristia (Ed. Loyola, 2002) e Admiração eucarística. Para uma mistagogia da missa (Ed. Loyola, 2008).
Giraudo é autor da Edição 50 dos Cadernos Teologia Pública, intitulado Ite, missa est! A Eucaristia como compromisso para a missão.

Confira a entrevista.
IHU On-Line – O que significou a renovação litúrgica do Concílio Vaticano II e de Paulo VI?
Cesare Giraudo – A reforma litúrgica do Vaticano II foi um evento muito importante. É um pouco como restaurar edifícios: um edifício que atravessou os séculos, que partiu de um original iluminado, com uma arquitetura original muito clara, ao qual sucessivamente foram adicionados novos elementos que, no fim, deixaram o edifício original mais pesado. Basta observar a fachada de nossas igrejas ou prédios. Então, às vezes, quando se vê que aquele edifício não possui mais uma fisionomia precisa e que pertence a estilos diversos, em um certo ponto se faz uma restauração e se tenta, na medida do possível, retirar tudo aquilo que há de pesado e que foi adicionado durante os séculos. E se a operação é bem feita, no fim nos deparamos com o edifício em todo o seu esplendor.

A liturgia vem de longe. A própria liturgia cristã é proveniente da liturgia judaica, do Antigo Testamento e, portanto, atravessou os séculos. Quando lemos sobre a liturgia cristã nos documentos dos Padres da Igreja , começando por Justino , vemos que ela tem uma linearidade perfeita. Por exemplo, a liturgia da missa: o rito introdutório, depois a liturgia da palavra, a liturgia eucarística, com os seus elementos internos, depois o rito conclusivo. Posteriormente, foram sendo adicionados muitos e muitos elementos, sobretudo na parte inicial da missa. A parte essencial foi penalizada, foi reduzida, também foi muito clericalizada, porque os sacerdotes disseram: “Eu faço tudo. Não se preocupem, rezem o terço”. Então, o Concílio Vaticano II disse: “Façamos essa bendita restauração! Tentemos tirar tudo o que foi acrescentado sucessivamente e que fez pesar o rito e veremos surgir uma celebração muito mais simples, mais nítida, mais linear”. Foi essa a operação que Paulo VI fez, e que o Concílio Vaticano II quis.

IHU On-Line – Um exemplo mais concreto?
Cesare Giraudo – Antes, o início da missa comportava muitas orações que não acabavam nunca. O Concílio e a reforma litúrgica reduziram a parte inicial. O “Confiteor” [oração penitencial] era dito duas vezes, e havia muitas outras orações, salmos que não terminavam mais. Reduziu-se essa parte inicial e deu-se espaço novamente às leituras. Antes, as leituras eram feitas rapidamente, pois o sacerdote lia em latim, em voz baixa, para si mesmo. Portanto, a leitura passava num piscar de olhos. Então, o Concílio, reduzindo essas partes que haviam sido acrescentadas, criou espaço para a Liturgia da Palavra, que deve ser proclamada nas línguas faladas de hoje, e não mais pelo sacerdote, mas sim por alguém competente, um leitor. E depois reintroduziram a oração dos fiéis [também conhecida como prece dos fiéis], um elemento importante que, estranha e misteriosamente, havia se perdido com o passar dos séculos. Então, tirando aquilo que tinha sido adicionado abusivamente, redescobriu-se aquilo que realmente conta.
IHU On-Line – O senhor aborda bastante a questão da oração dos fiéis na celebração da missa. Qual a sua importância?
Cesare Giraudo – Eu sou filho de um pedreiro, construtor de casas. Quando eu era menino, sempre ficava atrás do meu pai nos períodos de férias. E meu pai me deu a ideia da estrutura. Pintar uma casa é importante, mas é secundário, pode-se pintar hoje ou amanhã, tanto faz. Mas o que conta é construir bem, uma casa com bons fundamentos. A liturgia também tem a sua estrutura, tem os seus pilares importantes, suas vigas de sustentação. A liturgia se apoia sobre dois pilares. São Justino, mártir no ano 150, era um leigo, nunca celebrou uma liturgia, mas tinha uma compreensão estrutural da liturgia da missa e assim a descreve com base nos dois pilares importantes: discurso descendente da boca de Deus aos nossos ouvidos, e discurso ascendente das nossas bocas ao ouvido de Deus, a oração dos fiéis. O primeiro pilar importante é o discurso descendente, a proclamação das leituras, o momento em que a palavra sai da boca de Deus através da boca ministerial do leitor e chega a nossos ouvidos. Depois de entender a mensagem é que vem o segundo pilar: nós nos levantamos e delegamos as nossas súplicas, é o momento da oração dos fiéis.

Então, é importante falar sobre a liturgia com base na estrutura, pois, muitas vezes, falamos da liturgia enumerando os elementos: na missa se faz isto, aquilo, elenca-se 10, 20, 30 coisas. Mas se enumerarmos as coisas assim, não vemos a diferença: todos os elementos acabam tendo a mesma força. Mas não: existem elementos absolutamente pesados, importantes, que não podem ser deixados de lado, e existem outros que podem estar lá ou não, que têm um valor muito relativo.

IHU On-Line – No curso que o senhor ministrou na Páscoa IHU 2010, o senhor apresentou duas metodologias possíveis para o estudo da eucaristia: a mistagogia patrística e a sistemática escolástica. Pode nos explicar o que são?
Cesare Giraudo – Nós falamos muito do método. O método é importante. O estudante não pode esperar que seus professores lhe ensinem tudo, pois as coisas são muito vastas. É suficiente que lhe seja ensinado o método. Se alguém sair da universidade com um método na área específica que o interessa, poderá caminhar tranquilo na sua profissão. Ora, quando falamos dos sacramentos, sobretudo da eucaristia, temos dois métodos, duas metodologias, e só duas. Porque cada uma delas se caracteriza pela sua relação com o milênio, com um dos dois milênios. Nós temos, atrás de nós, dois milênios de reflexões cristãs, cada um caracterizado pela sua própria metodologia.

Nos tempos dos Padres da Igreja, nos primeiros séculos, nos tempos de Ambrósio , de Cirilo de Jerusalém, de Agostinho , esses grandes bispos da Igreja antiga, quando explicavam o sacramento da eucaristia e também do batismo, explicavam a partir da experiência celebrativa que havia acontecido. Assim, os catecúmenos eram batizados na noite de Páscoa, tinham a experiência celebrativa do sacramento do batismo, da crisma e da eucaristia, e depois o bispo, no dia seguinte, na segunda-feira, os convocava à escola da Igreja e lhes explicava, a partir da experiência celebrativa que haviam tido, o que o sacerdote disse, o que cada um viu, fez, respondeu. A partir da experiência, explicavam-lhes o que o batismo e, sobretudo, a eucaristia são. Ou seja, explicar os sacramentos a partir da liturgia. A liturgia era realmente o livro da escola. As crianças, os jovens, os adultos que iam à escola, o que levavam consigo? O missal, porque este era seu manual de escola.

Mais tarde, no segundo milênio, tudo mudou, porque disseram: “A Igreja é boa para rezar, o missal é bom para rezar, mas para fazer teologia bastam as nossas cabeças”. Então, fizeram uma teologia abstrata, destacada da realidade. Enquanto que, no primeiro milênio, nos tempos dos Padres, a teologia era feita na Igreja, à luz da celebração. Depois separaram as duas coisas dizendo que a liturgia é uma coisa, e a reflexão teológica é outra.
Eu digo que temos duas metodologias: uma boa, aquela escolástica; a outra [patrística] excelente, ótima. Se escolhermos a metodologia excelente, eu digo: “Veja, nós não perderemos nada das conquistas da teologia escolástica de São Tomás [de Aquino] , mas seremos capazes de corrigir aquelas fraquezas metodológicas que de fato existiram”. Porque São Tomás não é a fé cristã. É um grande pensador que disse coisas maravilhosas, mas não podemos fechar os olhos para os limites da escolástica.

IHU On-Line – Como podemos lidar com a afirmação da dimensão "sacrificial" da eucaristia na cutltura contemporânea? Como compreender essa dimensão numa sociedade repleta de tantos sacrifícios por motivos econômicos, culturais, etnico-raciais, dentre outros?
Cesare Giraudo – A palavra sacrifício tem muitos significados. Agora, quando a palavra sacrifício é aplicada ao sacrifício da cruz, muitas vezes, temos medo dessa palavra, pois ela nos faz pensar na Sexta-feira Santa, na morte de Jesus, que nos incute medo. Mas quando falamos de sacrifício, sacrifício da cruz, não podemos nos esquecer que a Sexta-feira Santa não é o ponto final, mas é a ponte que nos abre ao Domingo de Páscoa, é a passagem para o Domingo de Páscoa. Então, quando dizemos “o sacrifício da cruz”, tenhamos presente que esse é o evento pascal, o evento do Cristo morto e ressuscitado. Ora, a dimensão da ressurreição é absolutamente positiva. Nunca devemos esquecer que, quando falamos de sacrifício, essa palavra quer dizer a ressurreição, a vitória final.

Tudo isso aplicado à eucaristia é importante, pois, hoje, muitas vezes, os nossos sacerdotes têm medo de falar da dimensão sacrifical da missa. Então, quando a iniciam, limitam-se a sublinhar a dimensão convivial: “Estamos aqui reunidos, irmãos e irmãs, para festejar juntos ao redor de uma única mesa…”. E por que dizem isso? Porque pensam: “Se eu que estudei tanto, estudei livros tão grossos, já tenho dificuldade para entender o que significa a dimensão sacrifical, como posso querer que os outros entendam?”. E assim pulam essa dimensão, limitando-se a sublinhar a outra. Eu digo que muitos sacerdotes católicos são cripto-protestantes, protestantes escondidos, com boas intenções, obviamente. Limitam-se a destacar a dimensão da ceia. Ora, João Paulo II, na sua carta encíclica “Ecclesia de Eucaristia” , fez soar o alarme. E disse: “Fiquemos atentos para não ignorar a dimensão sacrifical da missa, porque esta significa o evento pascal”.

Quando celebramos a santa missa, leigos e fiéis juntos, vamos ao Calvário com os pés da alma e os pés da fé, subimos todos o Calvário naquela primeira Sexta-feira Santa, retornamos ao túmulo do ressuscitado naquele primeiro Domingo da história. Somos remetidos ao evento pascal para voltar a emergir na morte do Senhor Jesus e morrer ao nosso pecado, ao nosso egoísmo, e voltar a renascer na sua ressurreição. Mas para sermos coenvolvidos no evento pascal, devemos comer, beber, fazer a comunhão sacramental. Então, são as duas faces da Eucaristia (ceia e sacrifício) que devem ser mantidas juntas. Esta é a mensagem da encíclica de João Paulo II: a Igreja vive a partir da Eucaristia. E eu gostei muito dessa mensagem e a retomei em um livro que intitulei “Estupor eucarístico”, que foi publicado agora em português pelas Edições Loyola, sob o título “Admiração eucarística”.

IHU On-Line – Mas o sacrifício é sofrimento ou amor? Alguns teólogos defendem que Jesus nos salvou pelo amor, e não pelo sofrimento.
Cesare Giraudo – O sofrimento não é um valor em si mesmo. Mas o sofrimento tem valores. Tomemos uma pessoa que nunca sofreu. Bem, sobre isso você coloca a mão no fogo: essa pessoa é uma pessoa egoísta, fechada sobre si mesma. Do contrário, uma pessoa que sofreu na sua vida é uma pessoa aberta para o sofrimento dos outros. E com isso não dizemos que o sofrimento é um bem: o sofrimento é um mal, mas traz consigo um bem. E então o sacrifício comporta sofrimento ou amor? Comporta as duas coisas juntas. Há um provérbio em italiano que diz: “Não há rosas sem espinhos“. Quando você vê uma rosa, o que quer da rosa? O seu perfume, a beleza das suas cores, mas você não pode sentir o perfume da rosa prescindindo de seus espinhos. E em malgache [língua falada em Madagascar] também há um provérbio que diz: “Aquilo que é doce é fruto daquilo que é amargo”. Certamente, na nossa vida, buscamos as coisas doces e belas, mas estas são alcançadas na medida em que aceitamos os sofrimentos, as experiências amargas da vida.

IHU On-Line – Qual o significado do “Kyrie eleyson” na celebração da missa?
Cesare Giraudo – “Kyrie eleison” é uma expressão em grego. É uma daquelas expressões que são intraduzíveis, como tantas outras expressões hebraicas: amém, aleluia, hosana, que permaneceram assim em todas as liturgias em qualquer língua. A expressão “Kyrie eleison”, que é muito antiga, é usada, sobretudo, como resposta aos pedidos da oração dos fiéis. Mas o que significa “Kyrie eleison”? Em português, vocês traduziram por “Senhor, tende piedade de nós”, uma tradução que é boa, mas insuficiente. Em italiano, traduziram como “Signore, peità” [Senhor, piedade], mas é uma expressão que dá pena, é miserável.

Se desejamos entender as duas palavras, a primeira palavra é “Kyrie”, que significa “Senhor, ó Senhor”. A segunda é “eleyson”, um verbo da língua grega que é interessante que seja lido na sua essência hebraica, pois, sob o grego do Novo Testamento, sempre está o hebraico, a língua sagrada para os judeus e para nós. Quando prestamos atenção à língua hebraica, o que está sob esse verbo? Há uma palavra muito interessante, que, quando traduzida em italiano ou português, significa “ventre materno”. Quando o filho está em dificuldade, são as entranhas da mãe que se agitam para ir ao encontro do filho, porque o filho é parte irrenunciável da mãe. Ora, Deus é pai e mãe ao mesmo tempo. Uma vez, o Papa João Paulo I , no seu pontificado brevíssimo, o Papa do Sorriso, disse: “Caros fiéis, Deus é pai e mãe”. Lembro-me que os jornalistas começaram a escrever rios de artigos dizendo: “Oh, vejam que coisa linda que o Papa disse: que Deus é mãe”. Mas os jornalistas não sabiam que a escritura diz isso: Deus é pai e mãe ao mesmo tempo.

Portanto, quando os doentes, os cegos, os leprosos se dirigem a Jesus, o que dizem a Ele? Dizem: “Senhor, tende piedade de nós, 'Kyrie eleison'”. Ora, Jesus, filho primogênito do Pai, reassume tudo do Pai. Por isso, Jesus tem as entranhas paternas e maternas com relação a nós. Então, quando os leprosos do Evangelho lhe gritavam “Senhor, piedade”, diziam “Senhor, dá livre vazão às tuas entranhas maternas e paternas. Deixa-te comover por nós”. E Jesus, efetivamente, se deixa comover, cura os cegos, lhes dá a visão, cura os leprosos etc. Essa expressão é muito interessante. Por isso, seria bom mantê-la assim, em grego, “Kyrie eleison”. Por que jogar fora tudo aquilo que havia de latim ou aquelas poucas palavras gregas como “Kyrie eleison”? Elas têm um significado. São palavras que fazem a unidade dos cristãos. Quando um cristão vem de outro país com outra língua e vê esta ou aquela palavra que já são usadas em seu país, isso é um valor. Então, a tendência para alguns seria retomar o “Kyrie eleison” e também retomá-lo como resposta à oração dos fiéis. Isso seria muito bonito.

IHU On-Line – E o que é a epiclese, conceito abordado pelo senhor em seu curso?
Cesare Giraudo – A questão da epiclese é muito rica. Significa súplica, a invocação para que Deus Pai mande o Espírito Santo sobre o pão e sobre o vinho para que se tornem o corpo e sangue do Senhor. E, depois, a segunda súplica, para que O mande sobre nós para que nos tornemos um só corpo, o corpo místico da Igreja. Os Padres da Igreja, Ambrósio especialmente, eram muito sensíveis à epiclese. Portanto, com a pergunta “Queres saber como se consagra com as palavras celestes?”, Ambrósio se refere à parte central de seu cânone romano que vai da súplica-convite do Espírito Santo sobre os dons à súplica do Espírito Santo sobre nós, que têm, em seu interior, o relato institucional com as palavras do Senhor.

Com a teologia abstrata do segundo milênio, toda a atenção se voltou única e exclusivamente sobre as palavras da consagração, reduzidas depois aos termos “Isto é o meu corpo”, “Isto é o meu sangue”. E não prestaram mais atenção ao resto. Por isso, a epiclese, que continuou existindo mesmo assim na liturgia e ainda hoje a encontramos, saiu completamente do horizonte dos teólogos, dos liturgistas, com um grave dano para a compreensão da teologia da eucaristia. E somente agora a Igreja voltou a descobrir a riqueza dessa oração, da oração eucarística em seu todo.

IHU On-Line – O que o senhor pensa sobre a retomada do missal de Pio V, da chamada Missa Tridentina, por parte de Bento XVI?
Cesare Giraudo – O Papa Bento XVI foi bom, eu diria até muito bom. Quis ir ao encontro da nostalgia de alguns grupos de cristãos, que dizem ser muito aficionados ao latim e que não querem renunciar a ele. Por isso, pediram para poder usar o missal em latim de São Pio V , precedente à reforma litúrgica. Mas a questão não é que esses fiéis queiram bem ao latim pelo latim. O latim serve um pouco como uma barreira para sustentar determinadas visões da Igreja e do mundo de hoje. Já que esses grupos de fiéis de direita, sem ofender ninguém, pediram para obter isso, o Papa, muito bom, disse: “Sim, vocês também podem usá-lo”. Assim, concedeu um uso duplo do missal, recolocando o missal de Pio V ao lado do missal da reforma litúrgica de Paulo VI, que continua sendo o missal de base.

Isso criou um pouco de desconforto dentro da Igreja, quase como se a Santa Igreja, a Igreja de Roma, a autoridade, quisesse desfazer a reforma litúrgica. Mas não foi isso. O Papa o fez por motivos de ecumenismo interno. Então, quem quiser celebrar com o missal de Pio V, que o use. Mas não nos esqueçamos que se um Concílio quis que a reforma litúrgica fosse feita, se um Concílio quis que o edifício fosse restaurado, quer dizer que isso era necessário. Ora, a reforma litúrgica foi feita, belíssima no seu projeto, realmente quase perfeita. Mas, pelo contrário, foi frágil, terrivelmente fraca em nível de recepção. Por isso, muitos receberam a reforma litúrgica de maneira muito superficial, mudando continuamente, com celebrações superficiais e pobres. Por isso, com razão, o Papa disse: “Fiquem atentos: não podemos perder o sentido do sagrado”.

Então, esse “motu proprio” do Papa que dá a possibilidade de usar o missal de São Pio V, mesmo que nos tenha colocado em crise, soa como um sinal de alarme, dizendo: “Fiquemos atentos: não podemos perder a dimensão sagrada, o sentido do sagrado e da seriedade da celebração”. Por isso, nós, sacerdotes, leigos comprometidos, devemos trabalhar muito na formação dos sacerdotes, dos futuros sacerdotes, dos leigos para entender o sentido da liturgia. Eu, na minha pequenez, tenho me empenhado muito nesse sentido.

IHU On-Line – Comparando os últimos Papas, como eles viveram e refletiram sobre as questões litúrgicas?
Cesare Giraudo – Aquele que teve mais oportunidades para refletir sobre a liturgia foi Paulo VI, evidentemente, que foi encarregado pelo Concílio para editar as edições dos livros litúrgicos. Todos os especialistas lhe traziam os originais para que ele os visse, e ele fazia as suas observações, que foram depois registradas em livros. Portanto, ele seguiu mais de perto a revisão do missal e de todos os livros litúrgicos. Dos Papas que vieram depois, João Paulo I não teve tempo, ficou um mês somente. João Paulo II, nos seus 27 anos de pontificado, não se interessou pessoalmente pela liturgia. Esta ia para frente por conta própria. O seu nome ficou ligado à terceira edição do missal romano, pois foi ele que a quis e fez alguns pequeníssimos retoques. O Papa Bento XVI, no momento, ainda não ligou o seu nome à liturgia de forma positiva, senão indiretamente através dessa sua intervenção, de retomada também, com relação ao missal de São Pio V. Isso corresponde um pouco à sua sensibilidade. Ele fez essa operação por um excesso de bondade para ir ao encontro das exigências de alguns.

IHU On-Line – O senhor propõe uma releitura da teologia da redenção a partir de um mito pré-cristão transmitido por um idoso de Madagascar? Que mito é esse?
Cesare Giraudo – Eu vivi dez anos no Madagascar, sempre trabalhando com a pastoral direta e trabalhava muito com os idosos. No grupo, éramos três sacerdotes; os outros dois eram irmãos mais velhos do que eu e trabalhavam com a pastoral dos jovens, e eu, mais jovem, trabalhava com a pastoral dos idosos. E me dei conta de que os idosos sabem, têm experiência, conhecem a tradição. Então, eu realizava encontros, semanas de estudo, em que os idosos participavam, pessoas de 70, 80 anos que ficavam toda a semana refletindo. Eles me contaram muitas coisas belíssimas, alguns mitos teológicos. Bem, coloquemos a palavra mito entre aspas. Essa palavra tem um grande significado para a história das religiões. São relatos fundamentais, que têm a mesma força e sacralidade que os relatos que temos na Bíblia, como em Gênesis 2 e 3, a história de Adão e Eva. Se quisermos, aquilo que a Bíblia é para nós, para eles se trata de uma sagrada escritura, escrita na mente e na tradição.

Essas histórias têm milhares de anos, são muito antigas. Uma delas fala justamente da redenção que passa pelo sacrifício do animal sagrado. Para os judeus, o animal sagrado é o cordeiro, em particular, o cordeiro pascal. A reconciliação, a redenção se dá através do sacrifício do cordeiro pascal. Em Madagascar, se fala do sacrifício do boi, que é o animal sagrado por excelência. Então, quando há um caso de dificuldade, uma ruptura da relação por um determinado comportamento, aquela pessoa deverá ser aspergida com o sangue do animal. Haverá um rito sacrifical, uma oração ao Criador em que se suplica a Deus que intervenha e recoloque essa pessoa na situação certa, graças justamente à aspersão do sangue do boi.
Esse texto é um pouco difícil. Para entendê-lo melhor, seria necessário mais tempo. Mas é uma história maravilhosa que nos ajuda a entender a eficácia do sacrifício do cordeiro pascal, mas, sobretudo, a eficácia do verdadeiro cordeiro pascal, em cuja morte nós renascemos para a vida nova. Eu me interessei muito pelos problemas da inculturação, escavando sempre na tradição dos antigos. Porque, às vezes, os missionários pensaram que todas essas coisas eram uma questão de idolatria, paganismo. Mas não, isso é revelação autêntica, inicial, incipiente, que espera ser completada pelo anúncio do Evangelho.

IHU On-Line – Qual a sua opinião sobre uma maior participação das mulheres na celebração da missa?
Cesare Giraudo – Certamente, a Igreja, por muitos anos, foi muito machista, muito clerical e, assim, penalizou o povo de Deus. Os sacerdotes começaram a dizer: “A gente faz, fiquem tranquilos, fiquem nos bancos, nós fazemos tudo”. Assim, clericalizaram a liturgia. E, ao mesmo tempo, a liturgia foi também masculinizada, no sentido de que a mulher na Igreja não podia superar a barreira do balaústre, aquela mesa da comunhão que havia nas igrejas antigas. Se a mulher fosse além dela, era um pecado mortal. As mulheres só podiam ultrapassar aquela barreira no sábado, quando faziam a limpeza da Igreja. Tudo isso agora já foi superado, e não existe mais, por sorte. A Igreja se purificou disso.
Mas qual pode ser a participação da mulher na missa? Eu penso que, sobretudo, no papel das leituras. Paulo VI revisou aquelas que se chamavam antigamente as ordens menores, que hoje se chamam leitorado e acolitato. Ele disse que os leigos também podem ter acesso ao leitorado. Assim, Paulo VI manteve o leitorado instituído – ir ler com a bênção preliminar – somente para os homens, pois Paulo VI teve um pouco de medo desse vento que vinha do Atlântico, da América, soprando sobre o Ocidente, que era a reivindicação do sacerdócio feminino. E disse: “Não, por agora o reservemos aos homens”. Mas nada impede que um dia o Papa abra oficialmente à mulher o leitorado instituído, que ela também possa ser instituída com uma bênção como uma leitora na Igreja. Agora, a mulher já pode ler, podemos dizer, como leitora extraordinária. E depois, hoje são todos extraordinários, porque esse leitorado instituído se perdeu de vista. Em todo caso, a mulher lê e isso é uma coisa boa. Eu penso que esse discurso deve ser moderado, não se trata de mandar um exército de pessoas a ler, mas se trata de mandar poucas pessoas, que são preparadas, que seguem cursos específicos de preparação, sejam elas homens ou mulheres. Pois ler na Igreja, proclamar a palavra de Deus é muito difícil, muito comprometedor.

IHU On-Line – O que o senhor pensa sobre a participação de divorciados de segunda união na comunhão eucarística? E de homossexuais? As regras atuais não transformam a eucaristia em uma forma de exclusão?
Cesare Giraudo – Não sou eu quem pode resolver o problema. Certamente, na minha experiência pastoral em Madagascar, eu sofri por causa disso, porque quando um jovem e uma jovem me diziam: “Queremos nos casar”, eu sempre dizia: “Vão devagar, com calma”. Porque eu sabia bem que se eu abençoasse aquele casamento, um ou dois meses depois ele acabaria, e aqueles jovens teriam dificuldades para toda a vida. Porque, em Madagascar, o matrimônio ainda hoje é muito instável, acaba facilmente, assim como em nossos países, seja na Europa ou no Brasil.
Então, eu vejo cristãos que possuem uma fé verdadeira, mas que se encontram em uma situação desconfortável. Não podem ir para frente, não podem voltar. Têm o compromisso matrimonial de um lado, têm um compromisso familiar de outro. Então, eu me pergunto: a Igreja não poderia encontrar um caminho possível para eles? Ou até um caminho de misericórdia, como muitas vezes os orientais chamam? Não se trata de abençoar a situação atual, de dizer “Fizeram certo ao acabar com o primeiro casamento”. Não se trata de aprovar isso. Trata-se simplesmente de dizer, na situação atual, que esse cristão e essa cristã têm a necessidade dos sacramentos, o sacramento da confissão, o sacramento da eucaristia. A Igreja não poderia encontrar um caminho de misericórdia para conceder a esses cristãos os sacramentos? Mas não sou eu quem estabelece isso.

Também se falou disso durante o Sínodo dos Bispos, há dois ou três anos, sobre a eucaristia, e um bispo disse: “Aqui, só o Papa pode resolver o problema”. E nós aguardamos com confiança por uma intervenção magisterial do Papa. E o que o Papa diz para os divorciados e que também se aplica a outras pessoas em dificuldade, homossexuais etc., é que naturalmente seria preciso que essas pessoas pudessem fazer um caminho com um guia, um sacerdote. Não se trata de dar o aval, de dizer: “Vocês fizeram certo”, mas é necessário que se entenda que na vida existem comportamentos difíceis e que, nesses comportamentos, devemos buscar retirar todo o egoísmo, tudo o que é diretamente contrário ao Evangelho. E depois tentar dar o nosso melhor, com a ajuda do Senhor, para nos adequarmos sempre melhor aos ideais do Evangelho, que permanece sendo um ideal. Não podemos dizer: “Eu coloco em prática os ideais do Evangelho”. Aquele que presume tê-lo posto em prática é o primeiro a ser infiel ao Evangelho. O Evangelho é um grande ideal, e devemos pedir ao Senhor que nos ajude a caminhar rumo a esse ideal com as dificuldades que são as nossas. O problema, porém, continua sendo complexo.
IHU On-Line – E o mesmo vale para os homossexuais?
Cesare Giraudo – Sim, eu diria que sim. Trata-se de refletir sobre esse caso. Não dá-lo por óbvio, porque, hoje, na sociedade, essas diferenças são consideradas normais. Portanto, não devemos confundir a normalidade com eventuais desconfortos. Poderíamos chamá-los por muitos nomes. Pelo contrário, hoje, há a tendência de dizer: “Você faz assim, você faz assado, faça como quiser”. Mas não, não podemos aceitar isto na Igreja. Com o respeito, naturalmente, pela opinião pessoal de cada um. Sobretudo, hoje em dia, somos muito flexíveis com relação a isso. Não devemos condenar ninguém. Jesus nunca condenou ninguém no Evangelho. Ele sempre desculpou o pecador, condenando, porém, o pecado ou o comportamento anômalo.
IHU On-Line – Portanto, os divorciados e os homossexuais, na sua própria consciência, podem participar da comunhão se o sacerdote não souber de sua situação?
Cesare Giraudo – O sacerdote deve dar a comunhão a todos aqueles que se apresentam para recebê-la. Nenhum sacerdote tem direito de olhar para a cara das pessoas e dizer: “A você sim, a você não”. A menos que venha alguém que esteja claramente bêbado, que não consegue ficar de pé. Se você lhe negar a comunhão, não estará lhe ofendendo. Todos podem ver o porquê. Mas, senão, quem se apresenta à comunhão recebe a comunhão. Depois, cada um, na sua consciência, estabelece o seu comportamento.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

O Rito Romano: reformado pelo Vaticano II

O Ritual Romano
Por Angelo Lameri
Esta pequena nota visa fornecer uma visão geral dos livros litúrgicos reformados, de acordo com o Concílio Vaticano II,  compartilhando da mesma categoria: Rituale Romanum. Não pretendo apresentar de forma abrangente todas as partes do ritual, mas indicar os elementos-chave para a identificação das características da estrutura e conteúdo de cada um.
O trabalho de reforma do Ritual Romano foi lançado 15 de marco de 1964, quando eles foram trabalhados por dois grupos de estudo: o 22 º (Sacramentos) e 23 (sacramentais) [1].

Para eles, a presidência do Conselho Pontifício para Execussão da Constituição sobre a Sagrada Liturgia deu algumas orientações gerais que deveriam ter orientado o trabalho de reforma. Entre 1969 e 1973 foram promulgadas oito rituais [2], publicado em cadernos separados. Em uma segunda etapa, a Congregação para o Culto Divino enfrentou o problema de sua unificação em um único volume, que é pensado para colocar uma introdução geral a todos os Ritual Romanum (Praenotanda generalia), para rever e completar de alguma Praenotanda ritos, seguindo o mesmo padrão, para rever as regras espalhadas, retornando a uma forma mais coerente entre si e com os outros livros litúrgicos.


 De acordo com a Bugnini esse projeto foi interrompido pela eliminação da Congregação e sua fusão com a que, para a Disciplina dos Sacramentos [3]. Não temos notícias de novos desenvolvimentos deste projecto, que no momento parece ter sido abandonado.Em cada edição encontramos uma estrutura comum: o Decretum, na qual você expressa um critério essenciais que nortearam a reforma e, com a redação legal diversamente expressa, se declara a promulgação, o Praenotanda, com teológico-litúrgico e pastoral- celebratvo; do rito, uma lista de leituras bíblicas, que são precisamente o Lecionário para cada celebração, uma secção dedicada à Textus diferentes.Apresentamos agora cada ritual único, seguindo a ordem cronológica da data de promulgação da presente decreto [4].

1. O Casamento Ritual Romanum ex-Vaticano II Decreto sacrosancti Oecumenici Conselhos instauratum auctoritate Pauli PP. VI promulgatum, Ordo matrimonium celebrandi, Typis Polyglottis Vaticanis, MCMLXIX (p. 40). O Decretum, muito básico, é de 19 de março de 1969. Afirma que o rito foi preparado pelo Consilium tendo em conta os decretos da Constituição sobre a Sagrada Liturgia. Citando indiretamente SC 77 nós explicamos os dois critérios básicos: expressar mais claramente a graça do sacramento e inculcar os deveres dos cônjuges. Podemos dizer de uma política de natureza teológica, ea natureza do ensino.

Sobre a promulgação será declarada aprovada, a ordem de publicação pelo Papa Paulo VI e da prescrição de sua entrada em vigor a partir de 1 de julho de 1969 [5].Após Praenotanda essencial, dividido em quatro seções: Dignidade et em De matrimonii Sacramentos, De ritu adhidendo, De Ritualibus particularibus parandis, faculdades exarandi De proprium ritum.O ritual é dividido em três capítulos: Ordo matrimonium celebrandi Missam intra, Ordo Missa matrimonium celebrandi seno, Ordo celebrandi matrimonium entre contraditório et não catholicam baptizatam contraditório.

Os critérios utilizados foram os requisitos da SC 78: a celebração do casamento na forma ordinária durante a missa, colocando-o após a proclamação do Evangelho e da homilia, a revisão da bênção nupcial, a fim de inculcar o dever de ambos os cônjuges na fidelidade mútua ; a obrigação de uma Liturgia da Palavra quando o casamento é celebrado fora da igreja. Conclui o artigo quarto capítulo, que contém Textus diferente ritu et matrimonii na Missa pro sponsis adhibendi. Este capítulo contém uma lista de textos bíblicos para usar: menos de 28 livros e 7 salmos responsorial. Ritual Romanum ex-Vaticano II Decreto sacrosancti Oecumenici Conselhos renovatum auctoritate Pauli PP. VI editum Ioannis Pauli PP. II recognitum cuidado, Ordo matrimonium celebrandi, editio typica Altera, Typis Polyglottis Vaticanis, MCMXCI (p. 110).

O decreto de promulgação da segunda edição típica, que foi de 19 de março de 1990, mostra as novas funcionalidades básicas: "Em hac Edition é typica alter idem Ordo exhibetur ditior em Praenotandis, ritibus ac precibus, variationis nonnullis introductis, a NORMAM anos Juris Codicis 1983 promulgada". Portanto, temos um enriquecimento de Praenotanda, que levam em conta tanto o novo Código de Direito Canônico, é o desenvolvimento da reflexão teológica e pastoral expressa na Exortação Apostólica do Papa João Paulo II, Familiaris Consortio (1982). Mesmo as orações de bênção sobre o casal ter sido enriquecido, especialmente na aparência pneumatológica. Do ponto de vista ritual, os capítulos têm uma melhor articulação e introduziu um novo capítulo, que foi necessária em várias igrejas locais: Ordo matrimonium celebrandi coram um assistente leigo. Finalmente, o Lecionário foi ainda enriquecido.

2. O Batismo de Crianças Ritual Romanum ex-Vaticano II Decreto sacrosancti Oecumenici Conselhos instauratum auctoritate Pauli PP. VI promulgatum, Ordo Baptismi parvulorum, Typis Polyglottis Vaticanis, MCMLXIX (pp. 94).


A Constituição foi criada para rever o rito litúrgica conciliar para o batismo de crianças para se adaptar à sua condição real e para enfatizar o lugar e deveres de pais e padrinhos (SC 67). Além disso, foi estabelecido para introduzir os ajustes apropriados no caso de um grande número de baptizados e uma menor rito a ser usado de uma maneira particular na missão também sobre a parte de catequistas, em caso de ausência de um sacerdote ou um diácono (SC 68 ).

No entanto, o ritual para compensar as cerimónias omitidas sobre uma criança já batizado teve de ser renovada, a fim de expressar mais claramente que a criança batizada com o ritual curto já é aceita na Igreja (SC 69). Esses itens são registrados no Decretum (15 de maio de 1969), com o qual promulga o novo rito, pela vontade de Paulo VI a partir de agora terá que substituir o contido no Ritual Romano [6].Comparado com o ritual já analisado, encontramos um espaço maior dado a Praenotanda, que incluem Praenotanda generalia de Initiatione e Christiana de Praenotanda Baptismo parvulorum.O ritual é dividido em seis capítulos.


Os três primeiros referem-se à celebração do Baptismo de mais filhos, para uma criança ou para um grande número de crianças. Seguido por um capítulo dedicado ao rito do batismo administrado pelos catequistas, na ausência de um sacerdote ou um diácono, um rito do Batismo "em perigo de morte", um "Ordo deferendi para ecclesiam parvulum iam baptizatum." O capítulo final, Textus diferente, contém uma rica Lecionário.Em 29 de agosto de 1973 foi publicado un'editio alter typica. Na verdade nós não encontramos nenhuma novidade especial nele, tem apenas algumas pequenas alterações e clarificações [7].




3. Christian funerais Ritual Romanum ex-Vaticano II Decreto sacrosancti Oecumenici Conselhos instauratum auctoritate Pauli PP. VI promulgatum, Ordo Exsequiarum, Typis Polyglottis Vaticanis, MCMLXIX (pp. 92).

O Conselho deu orientação essencial para a revisão do rito funeral: para expressar o caráter pascal de forma mais aberta, mais atenção às condições e tradições das diversas regiões, rever o rito do sepultamento das crianças, enriquecendo-a com uma missa especial (SC 81 - 82). O decreto do Conselho foi tomada em Decretum (15 de agosto de 1969), onde também faz menção dos ensaios realizados em diferentes regiões, após o qual a Congregação para o Culto Divino preparou o Ordo que o Papa Paulo VI aprovou e ordenou a sua publicação, porque no futuro, ser adoptado por todos aqueles que usam o Ritual Romanum, decretando a obrigação de utilizar a nova ordem a partir de 1 de junho de 1970 [8].




O Praenotanda, em sua parte teológica e litúrgica, colocar boa luz sobre a natureza da celebração da Páscoa, não esquecendo, na atenção pastoral devido à situação dos crentes e sua fé: "Ita ut ... tamen, Pium affectum Matris Ecclesiae et fidei consolationem afferendo, credentes allevet Quidam, maerentes tamen não offendant" (n. 17).

O rito, depois de uma breve seção sobre vigília de oração pelos falecidos, é dividido em três capítulos, cada um refletindo as tradições generalizadas em diferentes partes do mundo: De exsequiarum cum Seu stationibus em domo defuncti em ecclesia et coemeterio em ( cap II);. De Secundo typo exsequiarum cum Seu stationibus em sacellum et coemeterii para sepulcrum (cap. III); De tercio exsequiarum erro de digitação, quae celebrantur em domo defuncti (Capítulo IV). O cap. V é então dedicada aos funerais de crianças e rachaduras. VI-VIII coletar textos diferentes para o funeral de adultos e crianças (ainda não batizado e batizados). Nestes dois capítulos são listas de leituras bíblicas e um grande número de salmos para ser usado em vários momentos do rito.


4. A profissão religiosa Ritual Romanum ex-Vaticano II Decreto sacrosancti Oecumenici Conselhos instauratum auctoritate Pauli PP. VI promulgatum, Ordo professionis religiosae, Typis Polyglottis Vaticanis, MCMLXX (pp. 126).

No Ritual Romanum havia um rito da profissão religiosa. O conselho previsto a sua conclusão, mostrando uma preferência por seu desempenho durante o comissionamento (SC 80). Houve uma grande variedade de rituais, dependendo das várias congregações, com as estruturas e os elementos comemorativos muito diferentes entre si. O trabalho de compilação do rito foi confiada ao grupo "20 bis" [9], que foi confrontado por vários especialistas e considerou uma série de rituais especiais, até que o rascunho final de um ritual para oferecer a várias instituições, porque poderia proporcionar a adaptação ao espírito e caráter de cada família religiosa.
 Assim diz o Decretum (02 de fevereiro de 1970) que, ao promulgar o novo ritual, declarando a intenção do Papa Paulo VI colocou no Ritual Romano [10].Após a Praenotanda sintético, o livro litúrgico é dividido em duas partes e un'Appendix. As primeira parte trata da professionis Ordo religiosorum nos seus diversos graus: a iniciação na vida religiosa, profissão votos temporários, renovação dos votos. Por outro lado capítulos são compostos para o professionis Ordo religiosarum.

A segunda parte contém um promissionis Ritus, usadas por diferentes congregações que eles consideram aconselhável não a ocupação dos votos imediatamente após o noviciado. O Apêndice contém vários textos, incluindo um exemplo de uma fórmula para a profissão e algumas formas para as massas que são inseridos nos diversos ritos da profissão. A indicação dos textos bíblicos foi colocada no final dos capítulos das várias partes.Em 1975 foi publicado um reimpressio alterada, estranhamente sem a indicação de pertencer à Romanum Ritual.

5. A Iniciação Cristã de Adultos Ritual Romanum ex-Vaticano II Decreto sacrosancti Oecumenici Conselhos instauratum auctoritate Pauli PP. VI promulgatum, Ordo Iniciação Cristã de Adultos, Typis Polyglottis Vaticanis, MCMLXXII (p. 194).

O conselho prescrita para rever o rito do batismo de adultos e para restaurar o catecumenato (SC 64-66). Em 1964, o grupo de trabalho foi incumbido de elaborar o ritual de iniciação cristã dos adultos. Entre 1969 e 1971 também foram envolvidos nas Congregações para a Doutrina da Fé, os sacramentos e para a Evangelização dos Povos. Com o Decretum de 06 de janeiro de 1972 a cerimônia foi publicado pela Congregação para o Culto Divino, em sua edição típica, ea partir daquele momento iria substituir o rito atual do Ritual Romanum anterior [11].
O livro litúrgico é muito rica, tanto em termos de teológica e pastoral. Depois Praenotanda generalia de Initiatiationis christianae, Ordo Baptismi parvulorum já publicados, encontramos a Praenotanda e seus diferentes capítulos do rito. Elas marcam as etapas do catecumenato, até a celebração dos sacramentos na Vigília Pascal (Capítulo I), fornecer orientações e texto para a preparação para a Confirmação e Eucaristia de adultos batizados como crianças, mas que não completaram a caminhada no momento da "iniciação cristã (Capítulo IV); propor uma maneira especial de chegar à idade das crianças na catequese (Capítulo V).O Textus variados e un'Appendix, contendo o rito de admissão à plena comunhão com a Igreja Católica para aqueles que já foram validamente batizados, celebrar o ritual.

 6. O cuidado Unção e Pastoral dos Doentes Ritual Romanum ex-Vaticano II Decreto sacrosancti Oecumenici Conselhos instauratum auctoritate Pauli PP. VI promulgatum, Ordo Unctionis infirmorum cumque pastoralis curae, Typis Polyglottis Vaticanis, MCMLXXII (p. 82).

Em obediência ao conciliar (SC 73-75) é também procedeu à revisão do rito para a Unção dos Enfermos (anteriormente chamado de "Extrema Unção"). O Decretum de 07 de dezembro de 1972, bem como Sacrosanctum Concilium, consulte a Constituição Apostólica de Paulo VI Sacram Unctionem infirmorum de 30 de novembro de 1972 pela qual o Papa mudou a fórmula sacramental. O texto da Constituição é dada no livro litúrgico imediatamente após o Decretum.
O documento papal foi necessário para aprovar algumas modificações mais importantes introduzidas pelo novo rito, depois de sete anos do grupo especial de trabalho: as palavras da fórmula sacramental, o número de unções, o tipo de óleo usado, o reiterabilità casos eo assunto do sacramento. Nela, o papa, ao aprovar a nova ordem, declara que seu conteúdo deve ser observado mesmo apesar das exigências do Código então vigente de Direito Canônico e outras leis que são revogadas, permanecem em vigor apenas o que não é expressamente revogados ou alterados na nova ordem [12].


Documento papal importante seguir como Praenotanda o usual, dividido em cinco capítulos: De Humana enfermidade eiusque à semelhança mysterio salutis, De Sacramentis infirmis conferendis (falando aqui da unção, o rito do viático e continuou que inclui Penitência) De Officiis ministeriis et cerca infirmos, De aptationibus quae Conferentiis episcopalibus competunt, De accomodationibus quae competunt ministro.O ritual, fiel à sua "evidência" e Praenotanda, abre com um capítulo sobre a visita e leva a comunhão aos doentes, seguidos por aqueles dedicado unctionis Ordo, o viático, o ritual referido continuamente administrado para a Confirmação em perigo Morte, Ordo commendationis morientium. O capítulo Textus diferente, que contém um grande repertório de leituras bíblicas, o livro litúrgico conclui.


7. Comunhão fora da Missa e adoração eucarística Ritual Romanum ex-Vaticano II Decreto sacrosancti Oecumenici Conselhos instauratum auctoritate Pauli PP. Promulgatum VI, a Sagrada Comunhão e Culto do De mistérios eucharistici adicional Missam, Typis Polyglottis Vaticanis, MCMLXXIII (p. 72). O Decretum (21 de junho de 1973) [13]

 Assim, o livro litúrgico se espalha mais do que o anterior. Nele, de referência e de ensino do Conselho de Educação Eucharisticum Mysterium (25 de Maio de 1967), resume o sentimento de preservação da espécie sagrada: a de oferecer aos fiéis, especialmente os doentes, para participar na comunhão, sacramental Cristo e seu sacrifício; promover a adoração diante do Santíssimo Sacramento. O Decretum, como sempre, termina com a aprovação papal, que prevê que a nova ordem para substituir o antigo [14].
O generalia Praeontanda que se seguem, atirando a partir do ponto de vista teológico as razões para a relação entre Missa e adoração eucarística fora da Missa (n. 1-8) e dar informações sobre onde realizar a Eucaristia (n º 9-11) . Em seguida, siga três capítulos, cada um com sua própria Praenotanda: Comunhão adicional Missam De, De infirmis et viático a Comunhão ministro extraordinario deferendis [15], De variis Formis cultus sanctissimae Eucharistiae tribuendi [16]. O último capítulo recolhe Textus diversos, incluindo uma proposta generosa para o uso de textos bíblicos para o rito da comunhão fora da Missa, adoração eucarística e para que, mesmo em sua forma mais curta, deve sempre prever um prazo razoável dedicado a ouvir a palavra de Deus e pela oração, sendo vedada a exposição apenas para dar a bênção eucarística.

8. A Penitência Ritual Romanum ex-Vaticano II Decreto sacrosancti Oecumenici Conselhos instauratum auctoritate Pauli PP. VI promulgatum, Ordo Paenitentiae, Typis Polyglottis Vaticanis, MCMLXXIV (pp. 122).

A pouca indicação do Concílioo sobre a revisão dos ritos da Penitência [17] levou a uma longa e cansativa, durou sete anos, que terminou com a promulgação da Paenitentiae Ordo em 02 de dezembro de 1973. O Decretum, assinada pelo cardeal. Villot, Secretário de Estado, ligando a nova ordem para as indicações do conselho e uma justificação de uma visão pastoral de facilitar os fiéis para uma compreensão completa da natureza e eficácia deste sacramento. Como de costume, então a fórmula para a aprovação explícita do Papa, que o novo rito substituir o correspondente no Ritual Romano [18].

O Praenotanda inclui quatro capítulos: Historia De mysterio reconciliationis em salutis, De ecclesiae reconciliatione paenitentium na vida [19], De et officiis ministeriis em reconciliatione paenitentium, De celebração Paenitentiae dos sacramentos, para as celebrações sacramentalibus, De Ritus aptationibus para varias regiones et adiuncta.O livro litúrgico é então dividido em três grandes capítulos, correspondentes aos três ritos de penitência: Ordo ad reconciliandos singulos paenitentes, Ordo ad plures reconciliandos confissão paenitentes cum singulari et absolutione, Ordo ad plures reconciliandos paenitentes cum et confissão absolutione geral. O quarto capítulo é dedicado a vários Textus. Seguido por três apêndices: De absolutione para censuris, De specimina celebrationum paenitentialium [20], Esquema pro discussão conscientiae.

9. Bênçãos Ritual Romanum ex-Vaticano II Decreto sacrosancti Oecumenici Conselhos instauratum auctoritate Ioannis Pauli II promulgatum, De Bendictionibus, Typis Polyglottis Vaticanis, MCMLXXXV (p. 540).

O Decretum (31 de maio de 1984) refere-se às indicações conciliares sobre os sacramentais (SC 79), em obediência ao que a Congregação para o Culto Divino preparou o novo título do Ritual Romano, que o Papa João Paulo II aprovou e mandou publicar [ 21].O generalia Praenotanda ter preocupações dos fundadores teológicos vários ritos de bênção, que remover o perigo de sua interpretação em supersticioso ou mesmo a considerá-los quase uma liturgia menos ligados à religião popular e concedido àqueles que não são capazes de tem um profundo religioso.
O desenvolvimento do tema trinitário, o papel atribuído à mediação da Igreja e da constante inspiração bíblica caracterizam estas condições. O livro litúrgico, em seguida, se desdobra em cinco partes, cada uma introduzida por Praenotanda [22]: De benedictionibus quae directe personas spectant, De benedictionibus quae aedes et christifidelium multimodam navitatem spectant, De rerum benedictionibus quae em domibus ecclesiae para usum liturgicum devotionis destinantur aut vel piae eriguntur, De rerum benedictionibus quae para devotiones populi Christiani fovendas traduntur, De benedictionibus de diferente. Como você pode ver todos os aspectos da vida humana está em relação com Deus através da proclamação da sua Palavra e oração de bênção da Igreja. O ministério também é diversificada: além de ministros ordenados é esperado porque uma grande variedade de tratado por celebrações seculares.

10. Os exorcismos Ritual Romanum ex-Vaticano II Decreto sacrosancti Oecumenici Conselhos instauratum auctoritate Ioannis Pauli II promulgatum, De exorcismis et supplicationibus quibusdam, Typis Polyglottis Vaticanis, MIM (p. 86) [23].

O Decretum (22 de novembro de 1998) justifica uma revisão das regras, orações, fórmulas contidas no Título XII do Ritual Romano em relação às disposições da Constituição litúrgica conciliar. Na fórmula de promulgação é dito que o novo rito de exorcismo é para ser usado em lugar de regras e fórmulas contidas no título XII da Romanum Ritual [24].Um prefácio e Praenotanda, inspirado por um documento oficial da Congregação para a Doutrina da Fé [25], abra o livro litúrgico. Em seguida, vêm dois capítulos: Ritus exorcismi Maioris, Textus aqui em vários ritu ad libitum adhiberi possunt e anexos [26].
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[1] Para a história da reforma do Ritual Romano cf. A. Bugnini, A reforma litúrgica (1948-1975), CLV-Ed. Litúrgica, Rome 19972, p. 566-686.[2] Os dois últimos livros da série: o De e De benedictionibus exorcismis, foram publicados muitos anos depois, em 1984 e 1998, respectivamente.[3] Cf. Bugnini, A Reforma, cit., P. 569.[4] também apontam que, após a publicação do novo Código de Direito Canônico para a consistência Praenotanda foram introduzidos em algumas variantes. Cf. Variationes em Novas editiones Librorum liturgicorum a NORMAM iuris promulgada cânones nuper introducendae em "Notitiae" 19 (1983) 540-555.[5] "Summus Pontifex autem ... auctoritate apostólica approbavit et evulgari iussit ... ut em 1 dia Iulii adhibeatur 1969. Contrariis quibuslibet mínimo obstantibus. "[6] "Summus Pontifex autem Paulus VI nuvum Ordinem Baptismi parvulorum locum na Ordem no Ritual Romano em exstantis posterum adhibendum auctoritate apostólica approbavit et evulgari iussit."[7] Cf. De alter typica edição Ordinis Baptismi parvulorum em "Notitiae» 9 (1973) 268-272.[8] "Summus Pontifex autem Paulus VI auctoritate apostólica eosdem Ritus conjunto approbavit evulgari iussit et ab omnibus aqui Rituais utuntur romanas em posterum adhibendos ... Statuitur insuper ut, até diem 1 mensis anos iunii Proximi, em exsequiis celebrandis linguagem adhibetur latim, Ordo hic aut aut Ritus aqui em rituais romanos habetur, usurpari para arbitrium possint; ab EO dias autem off Novus Ordo Exsequiarum adhibeatur hic ".[9] Cf. Bugnini, A Reforma, op. Cit. 739-746.[10] "Quem ... Summus Pontifex Paulus VI auctoritate approbavit Apostólica, Romana Rituais inseruit evulgarique iussit."[11] "... ut local Ordinis Baptismi de Adultos no Ritual Romano exstantis assumatur nunc".[12] "Nossa Apostólica ... N º s auctoritate approbamus, simul, você casus fert, partindo praescriptis Codicis Juris aliisve Legibus hucusque vigentibus, vel revogação illa, ceteris verdadeiro praescriptis et Legibus, quae eodem Ordem abrogantur NEC mutantur, validis ac firmis manentibus» .[13] Note-se que no ano seguinte foi publicada uma reimpressio alterada.[14] "... ut local rituum no Ritual Romano exstantium assumatur nunc ...".[15] A cerimónia de ministro ordinário é o conteúdo em vez Ordo Unctionis infirmorum cumque pastoralis curae (capítulos I e III).[16] O capítulo é dividido em três partes: De SS.mae Eucharistiae expositione, De processionibus eucharisticis, De congressibus eucharisticis.[17] "Ritus fórmulas Paenitentiae ita recognoscantur et, ut et naturam effectum Clarius exprimant sacramentos" (SC 72).[18] "... ut é pro titulis matiz spectantibus, aqui no Ritual Romano usque adhuc força exstant, substitueretur."[19] Neste capítulo, depois de uma introdução sobre o significado do sacramento da Igreja, são tratados os seus componentes tradicionais: a contrição, a confissão, a satisfação, a absolvição.[20] são propostos no segundo seis celebrações dos tempos litúrgicos e destinatários. O objetivo destas comemorações é aumentar a virtude da penitência e ser útil na preparação de uma celebração mais frutuosa do sacramento. No entanto, não deve ser confundida com a celebração do sacramento em si.[21] "Quibus decretis obsecuta, Congregação para a Divina AHCE pro blo novum Ritualis Roman titulum apparavit, Summus Pontifex QUEM JOÃO PAULO II Apostólica auctoritate Sua approbavit evulgarique iussit."[22] Embora cada capítulo de cada parte é introduzida por Praenotanda breve.[23] Em 2004 foi publicado um reimpressio alterada que corrigiu alguns erros e omissões.[24] "Praesentem igitur ritum exorcismos instauratum et Pontifice a Summo Ioanne Paulo II 1 dia octobris approbatum 1998, AHCE Congregatio promulgat, ut pro normis et formulis, quae ex nunc titulo XII Ritualis Romanos usque usurpabantur, adhibeatur."[25] Congregação para a Doutrina da Fé, Fé Cristã e Demonology (26 de junho de 1975), em Enchiridion Vaticanum (EDB, Bolonha 20067) 5, n. 1347-1393.[26] supplicatio et Exorcismus aqui adhiberi POTEST (possunt em reimpressio alterada) em peculiaribus adiunctis Ecclesiae, Supplicationes quae privatim adhiberi possunt para fidelibus em colluctatione contra podestàs Tenebrarum.

terça-feira, 19 de junho de 2012

A REFORMA DA ORAÇÃO EUCARÍSTICA

A REFORMA DA ORAÇÃO EUCARÍSTICA
Na Constituição Sacrosanctum Concilium não existe nada a propósito das novas orações eucarísticas e, durante a discussão deste documento do Vaticano II, a questão não vem nem tão pouco referida. A igreja romana conhecia uma única oração eucarística, o Canon Romano, um texto que teve a sua formulação definitiva entre fim do IV século e o VII século e dos tempos do Papa Gregório Magno (604 d. C.) nunca sofreu alterações de relevo.

O problema da oração eucarística surgiu durante os trabalhos do concílio Vaticano II. A publicação de obras mais antigas tinha feito descobrir os tesouros das antigas anáforas, sobretudo orientais, e tinha feito ver também a parte central da missa, isto é, a oração eucarística, podia ser um momento de grande participação; ao passo que, nos países baixos, era de uso livre a criação da anáfora com improvisação dos textos.
Para ir ao encontro desta necessidade da Igreja e, contemporaneamente, para garantir o controlo da igreja sobre a anáfora eucarística, Paulo VI decidiu de autorizar o Consilium ad exequendam constitutionem de sacra liturgia de preparar duas novas orações eucarísticas:
«Se deixe intacta a anáfora actual; componham ou procurem duas ou três Anáforas para usar-se em particulares determinados tempos».
Assim foram preparados três novos textos a acrescentar o texto do Canon romano. Ora vejamos cada das orações eucarísticas do missal de Paulo VI.


 


O CANON ROMANO
Essencialmente não foi alterado e foi considerado como um monumento da tradição litúrgica; limitou-se a fazer alguns acertos de redução da lista dos santos e eliminação das clausulas «per Christum Dominum nostrum. Amen» no fim das várias unidades que compõe o Canone. O texto do canon romano é privado de uma acção de graças própria; o prefácio é variável e dos dez textos do sacramentário gregoriano se chegou a mais de cem prefácios até a segunda edição do missal de Paulo VI.

Pode-se dizer que o canon romano é uma grande intercessão, baseada sobre o tema da oferta e do sacrífico.; dentro da intercessão foi inserido a narração da última ceia que fica isolada como um rito no rito e concentra sobre se toda a atenção dos fiéis. Depois da anamnesis e a oferta do pão e do vinho vem a oração com a qual se pede a Deus que aceite e receba o sacrifício, como acolheu o sacrifício de Abel, de Abraão e de Melquisedec. O anjo levará para Deus Pai, sobre o altar celeste, a oferta da Igreja e lhe fará descer com o dom da sua benção.
A narração da instituição e a doxologia do Canon Romano foram fixadas para todas as orações eucarísticas do rito romano.

ORAÇÃO EUCARÍSTICA II
O texto da segunda oração eucarística da missal de Paulo VI não é uma composição nova. Excepto algumas diferenças, esta oração deriva do texto anafórico da Tradição Apostólica, que foi atribuída a Hipólito; é simples atribuição porque ainda permanece como uma hipótese.
O texto sofreu algumas modificações. A linguagem de acção de graças foi corrigida e adaptada a mentalidade do homem de hoje. No fim foi acrescentado o Sanctus, que para ficar bem ajustado com a narração da instituição precisou de um pequeno texto de transição que, segundo a tradição ocidental não romana, leva o nome de incipit: Vere dignus. Esta oração foi transformada numa invocação ao Pai para que mande o Espírito Santo a santificar o pão e o vinho para que se transformem o corpo e sangue de Cristo.

ORAÇÃO EUCARÍSTICA III – este texto é a resposta mais directa à dificuldade de usar o canon romano; de facto os autores fizeram esta anáfora em base ao esquema solido da anáfora antioquena, com os temas sacrificais do próprio canon romano, de modo que não ficam completamente esquecidos. Depois do prefácio e do Sanctus temos o Vere dignus que, antes de chegar ao tema epiclético, continua a narração das obras de Deus típico de prefácio; são dois temas que esta oração apresenta:
a) Deus reúne em volta de si o povo
b) A acção cultual, própria do povo que se encontra coma vontade de Deus, está na oferta do sacrifício de louvor, ou seja no hino de acção de graças que sai do coração dos fiéis reunidos em assembleia.
Depois a anamnesis, o tema da oferta a Deus do pão e do vinho sacramental vem ampliado e torna-se uma oração para que Deus aceite e acolha a oferta da Igreja. Segue depois a epíclese de comunhão ou epíclese santificadora, para aqueles que comungam sejam reunidos na unidade. Este texto não mistura o tema da unidade como na anáfora de Hipólito, como a oração eucarística II, mas na anáfora de São Basílio, tirada da citação de Act 4, 32.

ORAÇÃO EUCARÍSTICA IV 
O texto não fazia parte do projecto inicial das novas anáforas. No início eram só três anáforas: a oração eucarística II, com um cunho da anáfora de Hipolito; a oração eucarística III, como reconstrução do Canon Romano; por fim, a anáfora de São Basílio.
A oração eucarística IV começa com um breve hino de louvor no qual se fala da glória de Deus: todo o criado celebra a Deus e o homem, é feito voz de toda a criatura, é intérprete do louvor cósmico. O homem é o sacerdote do universo. Este tema leva o do sanctus e depois inicia a narração das obras de Deus, a partir da criação para chegar à economia do antigo testamento, a economia da aliança. Fala do pecado do homem e a oração diz que Deus não abandona o homem no poder do pecado, mas veio ao encontro de todos.
Se comemora a renovação da aliança com toda a economia do antigo testamento narrando a vinda de Cristo no mundo e a sua obra para o homem. Indica a vida de Cristo e o homem deve aprender a viver não mais para si mesmo mas para Cristo que por ele morreu e ressuscitou. Da acção de graças passa a primeira epíclese, construída como de costume, e da epíclese se entra na narração da instituição através da citação de Jo 13, 1, que é a introdução joanina da última ceia.
No fim da anáfora temos as intercessões, nas quais esta oração abre ao vasto horizonte: se reza para a luz dos problemas e das necessidades do mundo inteiro para a qual se suplica a Deus. A epíclese da oração eucarística IV tem o tema da unidade.
Pode-se concluir que a reforma litúrgica de Paulo VI escolheu de forma programática o dado teológico e litúrgico: a eucaristia é o sacramento da unidade.
AS ORAÇÕES EUCARÍSTICAS PARA AS MISSAS DAS CRIANÇAS
Aquando do sínodo dos bispos (1967), nas intervenções sobre a reforma litúrgica, muitos bispos tinham manifestado o desejo de ter adaptações particulares para as missas com as crianças. Então foi promulgado o Directório das Missas com crianças (1973). Foram reformulados os textos das orações eucarísticas mas mantiveram-se a estrutura e o conteúdo de cada oração eucarística.

Os textos são ad exprimentum mas o conteúdo temático e a estrutura das três anáforas são coerentes com os princípios colocados no Directório e nos Praenotanda das Preces eucharisticae cum pueris. Uma mudanças mais relevante para a estrutura da anáfora é: inserção muitas aclamações para melhor envolver as crianças, na oração eucarística, na participação no mistério da fé.
Na primeira oração eucarística, dentro da acção de graças, temos três aclamações extraídas do sanctus nos três temas com o constituem. Assim a estrutura é completamente nova. Outra mudança de grande relevo encontra-se na anamnese: vem articulada em dois momentos. O primeiro deriva das liturgias ocidentais não romanas e descreve a eucaristia como obediência ao mandatum. O segundo momento descreve a celebração eucarística como anúncio, que é forma típica da anámnese da liturgia alexandrina: o fundamento bíblico está na 1 Cor 11, 26. Neste caso a reforma de Paulo VI introduziu outras duas teologias , juntamente com a teologia da memória: a ideia da missa como anúncio da morte e ressurreição do Senhor, e a concepção da missa como obediência e imitação daquilo que o Senhor fez na última ceia.
Além disso, os três textos de anáforas das missas com crianças inserem no fim da narração da instituição uma nova expressão: «E disse-lhes ainda»; estas palavras estão entre as palavras do cálice e o mandatum. Esta é a novidade que se insere claramente para indicar a estreita unidade entre o mandatum e a anamnese.

AS ORAÇÕES EUCARÍSTICAS DA RECONCILIAÇÃO
As orações eucarísticas «da reconciliação» são duas e têm uma origem na Ano Santo de 1975. Como foram promulgadas as três anáforas para as missas com crianças ad exprimentum, assim também foram permitidas às conferências episcopais o uso das missas da reconciliação que necessitassem. Sabemos que o ano santo tem sempre uma função penitencial e tem ligação com o sacramento da reconciliação. Tudo isto veio a propósito porque o actual rito da penitência faz esta escolha teológica: a reconciliação com Deus é ligada com a reconciliação com os irmãos na Igreja.

AS ORAÇÕES EUCARÍSTICAS «PARA VÁRIAS NECESSIDADES»
O documento da CCDDS sobre as orações eucarísticas publicado em 1973 falava da suficiência das quatro orações eucarísticas do missal, mas assegurava que, em circunstâncias particulares, seria possível a aprovação de novos textos de orações eucarísticas. Em 1972, foi aprovado o texto para «uso exclusivo da Suíça». Este texto expandiu-se para várias conferências episcopais. O texto do «Sínodo de Suíça» levou o título de «para diversas necessidades e foi inserido no Missal romano entre os formulários das «missas para diversas necessidades».
O tema do caminho faz parte quer no post-sanctus como no prefácio A e no prefácio B que diz: «Cristo, tua palavra viva, é a vida que nos conduz a ti». No texto da anáfora, commendatio sacrifici, temos outra referência do caminho: «cristo que ... com o seu sacrifício abre a nós o caminho para vós». E ainda, no fim das intercessões, antes da doxologia: «e também a nós, ao terminarmos a nossa peregrinação sobre a terra, recebei-nos na morada eterna, onde viveremos».
O tema do caminho é fundamental e constitutivo das anáforas «para as diversas necessidades». Por um lado, o tema é eloquente para a cultura contemporânea que percebe a vida como caminho no tempo e na história, por outro, é um tema bíblico bem expresso. O texto é consciente e o prefácio A começa com a imagem do povo de Israel que caminha no deserto.
 A imagem de Israel no deserto é sugestiva porque o povo que caminha é o povo que não tem uma meta precisa e é comparável à própria vida que é procura de significados entre várias provas e experiências. Deus não nos deixa sozinhos a caminhar; Deus nos sustenta sempre no nosso caminho (prefácio D). A salvação é «caminhar na fé e na esperança» para chegar a morada eterna onde Deus espera o homem. O texto tem imagens do filho pródigo que representa o caminho da vida humana.
A anáfora não é só pela linguagem próxima à cultura de hoje, mas tem também uma mentalidade, tem conceitos teológicos e sentimentos religiosos, em suma, tem um espírito de oração. Por estes motivos, os textos das anáforas «para as diversas necessidades» são mais usados do missal e são entre aqueles que têm maior consenso e são bem seguidos com participação. Certamente, têm também elementos para serem criticados, mas não obstante os defeitos, os textos transmitem a cultura da oração e torna fácil a rezar.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Aspecto teológico do Domingo


No SC 106 se afirma que o Domingo é de origem apostólica. Mas precisa ver se no NT – Cartas apostólicas, Actos dos apóstolos – temos testemunhos relativas à celebração do Domingo. O que significa celebração do domingo?

Quer dizer que os primeiros cristãos, desde os tempos apostólicos, se reuniam em assembleia o dia do Domingo para celebrar a Eucaristia. O domingo não nasce como festa, no sentido de acolhimento de todos os elementos antropológicos da festa. Ora, vejamos três textos bíblicos: 1Cor 16,1-2; Act 20, 7-12; Ap 1, 9-10.



A Encíclica Dies Domini, n 21 afirma: «É nesta base que, desde os tempos apostólicos “o primeiro dia depois do sábado”, o primeiro da semana, começou a caracterizar o próprio ritmo da vida dos discípulos de Cristo (1Cor 16,2). «Primeiro depois do sábado» era também aquele em que os fiéis de Troáde estavam reunidos “para partir o pão”, quando S. Paulo lhes fez o discurso de despedida e realizou um milagre para devolver a vida o jovem Eutico (Act 20,7-12).

O livro do Apocalipse testemunha o costume de dar a esteprimeiro dia da semana o nome de “dia do Senhor” (Ap 1,10). Doravante isto será uma das características que distinguirão os cristãos do mundo circunstante. Já o apontava, no início do segundo século, o governador da Bitínia, Plínio o Moço, constatando o hábito dos cristãos “se reunirem num dia fixo, antes da aurora, e entoarem juntos um hino a Cristo, como a um deus”.

De fato, quando os cristãos diziam “dia do Senhor”faziam-no atribuindo ao termo a plenitude de sentido que lhe vem da mensagem pascal: “Jesus Cristo é o Senhor” (Fil 2, 11; Act2, 36; 1Cor 12, 3). Cristo era assim reconhecido com o mesmo título usado pelas Setenta paratraduzirem, na revelação o AT, próprio nome de Deus, JHWH, que não era lícito pronunciar».



Estes textos confirmam-nos que já nos tempos apostólicos a comunidade cristã se reunia para celebrar a Eucaristia no Domingo – o primeiro dia depois do sábado. Porque o texto de São Paulos aos Coríntios é tão importante, se não se fala de eucaristia nem de assembleia litúrgica? É importante por que São Paulo (55-56) apela de recolher as ofertas para os pobres de Jerusalém num determinado dia: - se trata do primeiro dia da semana que na terminologia daquele tempo, indica o dia depois do sábado hebraíco. Ora Paulo indica este dia para uma regular ou frequente recolha de ofertas. Porquê?


Uma opinião minimalista diz que naquele tempo era uso comum pagar os trabalhadores cada semana e, portanto, o texto não teria outro valor. Pelo contrário, outra opinião equilibrada segue esta linha de pensamento: mesmo que o texto de Paulo não fala explicitamente de uma assembleia cultual, mas pelo facto que indica cada primeiro dia da semana, pressupõe que os primeiros cristãos se reunem naquele dia e podem entregar as suas ofertas para os pobres de Jerusalém. 

Por outro lado, alguns exegetas observam que Paulo, noutros textos, chama a colecta com a palavra “leithourghia”, isto é, “serviço sagrado” (2Cor 9,12; Rm 15,25-27). Outra prova é de São Justino (150) que na primeira Apologia explica o que faziam os primeiros cristãos, descrevendo a liturgia eucaristica e dominical. Aí Justino diz que no fim dessa celebração eucaristica dominical se faz a colecta para os pobres.

O outro texto (Ap 1, 9-10) é do I século, na Ásia Menor. São João é o primeiro a usar a expressão “Domingo”. Em grego corresponde a expressão “Kyriake heméra” que traduz em atim por “Dies Dominica” . Portanto, Kyriaké é um adjectivo. É a primeira e a última vez em que parece esta expressão no NT. Contudo, o texto não fala nem da celebração litúrgica nem eucaristica, mas da visão que João tem do “Dia do Senhor”.

Mas que importância tem este texto? Ora vejasmos:
A expressão “Dia do Senhor” é semelhante àquela usada por São Paulo para indicar a a eucaristia “Ceia do Senhor” (1Cor 11,20). Paulo chama Jesus “Senhor”, só depois da ressurreição. Depois de se realizar o palno de Deus, Jesus é plenamente Senhor e redentor do criado, por isso a ceia do senhor e o dia do senhor manifestam uma certa sintonia.

O que significa o dia do Senhor? Na Didaché (14,1) se pode ler o seguinte – reunidos no dia do Senhor, parti o pão e dai graças. Trata-se talvez da celebração eucaristica dominical. No AT e NT, o dia do Senhor, ou dia de JHWH é uma expressão que indica o dia definitivo e escatológico.

Conclusões importantes

O domingo tem uma teologia que está ligada aos diversos ciclos do ano litúrgico: se pode falar da teologia dos domingos de Advento, do tempo Ordinário ou da Quaresma. Mas o domingo tem a sua consistência anterior ao ciclo anual, quando ainda não havia nem sequer a Páscoa anual. Os primeiros três ou quatro séculos, os Padres da Igreja construiram uma teologia dominical, partindo de uma série de nomes que o domingo recebeu da Bíblia e daprimeira tradição criatã: domingo, o primeiro dia; dia do sol; dia do Senhor; oitavo dia; dia da Trindade.

1. Domingo, o primeiro dia: Ainda hoje, as comunidades cristãs de língua aramaica falam do domingo como o primeiro dia da semana (had bshabba); também os árabes e os etiópes. O Domingo, como o primeiro dia, de um lado, lembra a narração da criação do livro de Génesis (o primeiro dia em que Deua cria a luz), do outro, lembra a narração de Marcos, na qual se evoca a ressurreição de Cristo – primeiro dia depois do sábado (Mc 16,2). São Justino liga de forma explicita, o início da criação com a ressurreição[29]. Diz São Justino que os cristãos se reunem no dia do sol «porque é o primeiro dia no qual Deus, destruiu as trevas e a matéria, criou o mundo e porque Jesus Cristo, nosso Salvador, neste mesmo dia ressuscitou da morte».

2. Merece atenção tema da luz – Domingo, dia do sol. De facto, no AT a luz prefigura como um acontecimento messiánico, enquanto no NT a luz é o acontecimento salvífico de Cristo, a sua pessoa e nova condição daqueles que seguem o mestre. Por exemplo, a aparição de Cristo ressuscitado a Saulo é uma luz esplendente a caminho de Damasco (Act 9,3). O primeiro acto do criator foi aquele de separar as trevas da luz. O fruto da redenção operada por Deus em Cristo é a libertação do mpoder das trevas e o tranferência para o reino de seu filho amado (Col 1,13). Os Padres dos séculos II, III, e IV usam o simbolismo da luz e aplicam-no ao mistério cristológico celebrado no Domingo. Por exemplo, Eusébio de cesarea, Atanásio de Alexandria e Jerónimo usam otermo pagão do dia de sol para falar de Cristo ressuscitado como sol de justiça. No século IV aparecea festa do Natal, em contraposição da festa pagã do Sol invicto.


3. Domingo, dia do Senhor (dominica dies) e, passa às línguas modernas: Domenica, Domingo, Dimanche, etc. A expressão dominica dies passou-se a dominicum para designar a Ceia do Senhor. A expressão dia do Senhor, faz pensar Kyriós, isto é, o ressuscitado. Santo Inácio de Antioquia, na carta Magnesia (9,1) afirma que “aqueles que vivem segundo a antiga ordem das coisas estão abertos a uma esperança nova, não mais celebrando o sábado mas vivendo na observância do dia do Senhor, em que também a nossa vida foi elevada graças a ele e a sua morte”. O dia do Senhor é também o dia da igreja e da eucaristia. A igreja vive e realiza-se quando se recolhe em assembleia convocada em volta do ressuscitado.

4. Domingo, oitavo dia é uma terminologia do NT, sobretudo nos episódios das aparições “oito dias depois, estavam os discípulos outra vez dentro da casa e Tomé com eles” (Jo 20, 26). Dizer que o Domingo é oitavo dia da semana pode parecer paradoxal, na medida em que coincide com o primeiro dia. Todavia, se se pensa em chave simbólico-escatolóica, o oitavo dia é alusão a uma nova realidade, isto anuncia a eterna bem-aventurança, o encontro definitivo com o Ressuscitado.

A Encíclica Dies Domini, n 26 fala do Domingo como oitavo dia, figura da eternidade: “o facto de o sábdo ser o sétimo dia da semana levou a considerar o dia do Senhor à luz de um simbolismo complementar, muito apreciado pelos padres: o Domingo, além de ser o primeiro dia, é também «oitavo dia», ou seja, situado, relativamente à sucessão septenária dos dias, numa posição única e transcendente, evocativa não só do início do tempo, mas também do seu fim no «século futuro». São Basílio explica que o Domingo significa o dia realmente único que virá após o tempo actual, o dia sem fim, que não conhecerá tarde nem manhã, o século imorredouro que não poderá envelhecer; o domingo é o prenúncio incessante da vida sem fim, que reanima a esperança dos cristãos e os estimula no seu caminho. Nesta perspectiva do dia último, que realiza plenamente o simbolismo prefigurativo do sábado. Santo Agostinho conclui as confissões falandodo eschaton como «paz tranquila, paz do sábado, que não entardece». A celebração do Domingo, dia simultaneamente «primeiro» e «oitavo», orienta o cristão para a meta da vida eterna”.

O simbolismo do oitavo dia é de origem cristão e consta em textos anti-judaícos. A carta de Barnaba (15,8-9) consta a expressão oitavo dia. Um autor anonimo, num constexto de polémica com os judeus, coloca na boca de Jesus estas palavras: Não são aceites os sábados de hoje, mas o sábado que eu institui no qual foi dado repouso ao universo, assinalarei o início isto é de um outro mundo. Por esta razão nós festejamos na alegria o oitavo dia no qual também Jesus ressuscitou dos mortos e manifestando-se subiu ao céu”. Santo Agostinho, na última página da Civitate Dei fala do oitavo dia nestes termos: “Este sétimo dia será o nosso sábado, cujo fim não será uma noite, mas o domingo como oitavo dia eterno, que foi consagrado da ressurreição de Cristo; que prefigura o repouso não só do espírito mas também do corpo”.

5. Domingo, dia da Trindade é uma expressão recente, encontramos a partir do século IX. No século XII, começa-se a usar o prefácio da Trindade e o Missal de Pio V indicou como o único prefácio para todos os domingos do tempo ordinário. A partir do século XVI até aos nossos dias o Domingo não é visto como o dia da ressurreição, mas como dia da trindade.
O domingo, dia da redenção não pode não ser também o dia da trindade, porque a obra da salvação é comum às três Pessoas: Deus Pai nos salva por meio do Filho no Espírito Santo. Portanto, tudo vem do Pai, por meio do Filho encarnado na presença no meio de nós do Espírito, que unindo-nos ao Filho reconduz tudo ao Pai.

A teologia do Domingo pode-se desenvolver com os seguintes nomes:
- O Domingo é o dia do Senhor ressuscitado, memorial da sua Páscoa;
- O Domingo é o dia em que o ressuscitado se manifesta à igreja com os dons salvíficos e em particular com a efusão do Espirito, fruto da Páscoa;
- O Domingo é, por excelência, o dia da assembleia convocada para celebrar a presença do Senhor ressuscitado na Palavra e no sacramento;
- O Domingo é o dia da proclamação da Palavra e da celebração da eucaristia, e dos sacramentos em geral
- A assembleia dominical é o dia da comunidade reconciliada, expressão da nova criação e da nova humanidade;
- O Domingo é dia da condivisão e da caridade;
- O Domingo como o dia em que é convocada a assembleia, soblinha a missão da igreja envida para proclamr ao mundo a força salvífica do mistério pascal;
- O Domingo é o dia de alegria, que nasce da experiência dos dons pascais, da qual a igreja usufrui na esperança do cmprimento escatológico;
- O Domingo é também concebido como dia de repouso, como dia da libertação da escravatura, como espaço contemplativo e cultual, como sinal do eterno repous.