quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Mistagogia do Tempo Comum

Celebrar o Tempo Comum



O Tempo Comum é o período mais longo do ano litúrgico, constituído de 33-34 semanas, que têm duas etapas diferentes. “O Tempo Comum começa no dia seguinte à celebração da festa do Batismo do Senhor e se estende até a terça-feira antes da quaresma, inclusive. Recomeça na segunda-feira depois do domingo de Pentecostes e termina antes das Primeiras Vésperas do primeiro domingo do
Advento”.

1 É o tempo litúrgico que mais passou por modificações no Concílio Vaticano II. Ele surgiu antes mesmo da celebração anual da Páscoa, isto é, quando o domingo era o único elemento celebrativo no decorrer do ano: celebração semanal da Páscoa.O Tempo Comum é marcado pelo ano litúrgico no seu ritmo semanal, ou seja, tem como centro o domingo, primeiro e oitavo dia da semana, dia do Senhor, Páscoa, memória da morte e ressurreição do Senhor. No domingo os cristãos fazem sua reunião semanal, como assembléia litúrgica. Tal assembléia é caracterizada pela alegria, encontro dos irmãos, música, flores, partilha de bens, partilha da mesa da palavra e da mesa eucarística.Ao falar sobre o domingo não esqueçamos que o Tempo Comum existe em função de todo o funcionamento do ano litúrgico, pois a função principal de tal tempo é celebrar o mistério de Cristo ao longo dos domingos, através dos anos e ciclos A, B e C.


O ano litúrgico em si é uma criação metodológica da Igreja, mas o seu conteúdo é a essência da fé da Igreja, ou seja, o mistério de Cristo, sua morte e ressurreição. Todos os acontecimentos bíblicos visam unicamente o ponto central da plenitude dos tempos, a morte e ressurreição de Jesus Cristo. A palavra MISTÉRIO (mystêrion, em
grego) tem suas origens nas chamadas religiões mistéricas que acreditavam em segredos do mundo pós-morte que eram revelados através de ritos.







No Antigo Testamento já encontramos tal mentalidade (Tb 12, 7; Jt 2, 2; Dn 2, 18s.27-30; Sb 14, 15) e também no Novo Testamento o conceito evoluiu (Ef 3, 3-9; Cl 1, 26-27; 2, 2-3; 4,3). Na Igreja a palavra mistério passa a ser compreendida como a vida de Cristo em nossa vida, ajudando-nos a fazer o caminho em direção ao Pai. Deus se fez humano, para que o humano se faça divino. Cada celebração litúrgica dominical e semanal é revelação, memória, atualização do mistério de Cristo em nossa vida, pois quando Cristo cura o cego é a nossa cegueira que é curada, quando a pecadora é perdoada, nós é que somos perdoados... Diante de tal consciência fica claro que o ano litúrgico celebra o mistério de Cristo e não temas que surgem de gosto particulares ou para realçar necessidades.



Devemos evitar criar temas para nossas celebrações, tal como, por exemplo, Missa em honra de Nossa Senhora, Missa em louvor a Santo Antonio, Missa de Avivamento, Missa de Cura e libertação entre outros. Os Evangelhos não apresentam temas, mas sim o mistério de Cristo celebrado em cada domingo, que em ordem crescente vai revelando as ações salvíficas da vida de Cristo, de sua pregação até o fim dos tempos.


As leituras do Antigo Testamento são escolhidas por sua ligação com os textos dos evangelhos, pretendendo-se assim mostrar a unidade dos dois Testamentos. Não poucas vezes o mistério central das leituras dominicais pode também ser identificado a partir do salmo responsorial e praticamente por seu refrão. As leituras apostólicas não dependem do mistério apresentado pelo evangelho, mas é feita segundo o critério da leitura alternada.



O conjunto da eucologia (orações da Igreja, orações litúrgicas), por exemplo, prefácios, orações eucarísticas, orações da coleta contribuem para o aprofundamento do mistério por meio de uma linguagem que, partindo do seu conteúdo bíblico, procura estabelecer ligação entre o mistério celebrado e a vida da assembléia. Assumir o mistério de Cristo no Tempo Comum significa levar a sério o fato de ser seu discípulo, escutar e seguir o Mestre na rotina de todos os dias, não para deixar em segundo plano a vida normal, mas para marcá-la como momento salvífico.

O Tempo Comum é o tempo de confrontação permanente e de identificação contínua entre o mistério de Cristo e a vida dos cristãos e revela uma relação especial com o dia-a-dia da vida, com suas diversificadas situações e com as várias atividades humanas.




2 Para que o Tempo Comum, o domingo como páscoa semanal seja vivido com toda intensidade requer-se das equipes de liturgia e equipes de celebrações uma grande formação e preparação.




ORIENTAÇÕES PARA EQUIPES DE CELEBRAÇÃO:



1-Preparação da Celebração Litúrgica: a) Pedir as luzes do Espírito Santo (oração ou canto); b) Avaliar a celebração passada (critica construtiva); c) Situar o mistério e a vida da comunidade (ver o domingo e o tempo litúrgico, acontecimentos da comunidade e do mundo); d) Fazer a experiência da Palavra (leitura do evangelho, primeira leitura, salmo, segunda leitura acompanhadas de uma breve reflexão); e) Criatividade (o que podemos fazer para destacar o mistério celebrado – símbolos, cantos...); f) Elaborar o roteiro; g) Distribuir ministérios; h) Ensaiar as leituras da Palavra de Deus, conforme cada gênero literário.
Obs: A oração dos fiéis deve brotar como resposta à Palavra de Deus, para aplicá-las à vida da comunidade.


2- Escolha dos cantos apropriados: Os cantos também são importantíssimos ao longo do tempo comum para que realmente expressem os mistérios de Cristo. O povo deve ser levado a cantar o mistério de Cristo em suas vidas. Conforme a orientação do Concílio Vaticano II, a música apropriada à liturgia é aquela que está mais intimamente integrada à ação litúrgica e ao momento ritual ao qual ela se destina.



3 - Conforme a orientação da CNNB, os cantos durante o Tempo Comum devem expressar o mistério de Cristo. Mais do que “cantar na liturgia”, é necessário aprender “a cantar a própria liturgia”. Os cantos de entrada e comunhão visam condizer com a ação sagrada e com a índole do dia ou do tempo, cujo texto tenha sido aprovado pela Conferência dos Bispos.



4- Exemplo de orientação para o canto de comunhão: a) Nos cantos evitem-se textos que apresentam excessivas doses de subjetivismo, pois o importante é ressaltar a dimensão do corpo de Cristo, a Igreja; b) Igualmente devem-se evitar os hinos eucarísticos que são usados na adoração ao Santíssimo, pois carecem das dimensões do Mistério que celebramos no Tempo Comum; c) Na medida do possível, o canto esteja em consonância com o evangelho proclamado em cada celebração. Afinal, a Palavra se faz eucaristia!

Bibliografia
BERGAMINI, A., Cristo, festa da Igreja: história, teologia, espiritualidade e pastoral do Ano Litúrgico. São Paulo: Paulinas, 1994.


CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Sacrosanctum Concilium, São Paulo: Paulinas, 2004.


CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. As introduções gerais dos livros litúrgicos. São Paulo: Paulus, 2003.


CNBB. Guia Litúrgico-Pastoral. Itaici: CNBB, 2007.


Instrução Geral do Missal Romano e Introdução ao Lecionário.


AUGÉ, Matias. Domingo – Festa primordial dos cristãos. São Paulo: Ave-Maria, 2000.


SARTORE, Dionísio; TRIACCA, Achille M., Dicionário de liturgia. São Paulo: Paulus, 1992.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Incensação na Instrução Geral ao Missal Romano

Incensação na Instrução Geral ao Missal Romano [IGMR]
276. O queimar incenso ou a incensação exprime reverência e oração, como vem significado na Sagrada Escritura (cf. Salmo 140, 2; Ap 8,3).

Pode usar-se o
incenso em qualquer forma de celebração da Missa:
a) durante a procissão de entrada;
b) no princípio da Missa, para incensar a cruz e o altar;
c) na procissão e proclamação do Evangelho;
d) depois de colocados o pão e o cálice sobre o altar, para incensar as oblatas, a cruz, o altar, o sacerdote e o povo;
e) à ostensão da hóstia e do cálice, depois da consagração.


277. O sacerdote, ao pôr o incenso no turíbulo, benze-o com um sinal da cruz, sem dizer nada.
Antes e depois da incensação, faz-se uma inclinação profunda para a pessoa ou coisa incensada, excepto ao altar e às oblatas para o sacrifício da Missa.
Incensam-se com três ductos do turíbulo: o Santíssimo Sacramento, as relíquias da santa Cruz e as imagens do Senhor expostas à veneração pública, as oblatas para o sacrifício da Missa, a cruz do altar, o Evangeliário, o círio pascal, o sacerdote e o povo.

Com dois ductos incensam-se as relíquias e imagens dos Santos expostas à veneração pública, e só no início da celebração, quando se incensa o altar.

A incensação do altar faz-se com simples ictus do seguinte modo:
a) se o altar está separado da parede, o sacerdote incensa-o em toda a volta;
b) se o altar não está separado da parede, o sacerdote incensa-o primeiro do lado direito e depois do lado esquerdo.
Se a cruz está sobre o altar ou junto dele, é incensada antes da incensação do altar; aliás, é incensada quando o sacerdote passa diante dela.


O sacerdote incensa as oblatas com três ductos do turíbulo, antes de incensar a cruz e o altar, ou fazendo, com o turíbulo, o sinal da cruz sobre as oblatas.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Uma abordagem sistemática do Ritual de Iniciação Cristã dos Adultos


À catequese de iniciação cristã corresponde estruturar a conversão a Cristo, dando as bases para essa primeira adesão. Os convertidos, mediante “um ensinamento de toda a vida cristã e uma aprendizagem devidamente prolongada no tempo”(AG 14) são iniciados no estilo de vida evangélico e nos mistérios da salvação. O objectivo é iniciar na plenitude da vida cristã.
Deste os tempos apostólicos, o ‘tornar-se cristão’ exige um caminho de iniciação, com diversas etapas. “Este itinerário pode ser percorrido rápida ou lentamente”(CCE 1229) e tem no catecumenado baptismal o seu modelo inspirador. E, uma vez que é um processo de conversão é essencialmente gradual e cristocêntrico, porque está ao serviço daquele que decidiu seguir Cristo.

O RICA apresenta as seguintes etapas:


• evangelização ou pre-catecumenado (RICA 9-13)
Antes da admissão ao catecumenado, existe um tempo de evangelização ou pré-catecumenado que tem como objectivos apresentar com firmeza o querigma, propiciar a conversão inicial a Jesus Cristo, a quem os simpatizantes devem dar um primeiro assentimento, desejar seguir a Cristo e pedir o Baptismo. Nesta fase preparatória, cada um sente-se chamado a afastar-se do pecado e a abraçar o mistério da divina caridade, sob a acção do Espírito Santo, que abre o coração daqueles que desejam acercar-se da fé. Esta etapa preparatória é de suma importância, tanto mais que hoje as vias tradicionais de iniciação cristã – família e sociedade – não logram alcançar este objectivo. O centro deste anúncio é a Boa Nova proclamada por Deus, o Seu mistério de salvação para todos os homens, realizado em Jesus Cristo, morto e ressuscitado, e as suas implicações na vida do homem.

• catecumenado (RICA 14-20)
Segue-se a entrada no catecumenado, que é um tempo prolongado, onde os candidatos recebem a formação cristã e se submetem a uma adequada disciplina. Aqui tem um papel importante o Catecismo da Igreja Católica que há-de ser ponto de referência obrigatório para essa formação cristã, nas suas diversas componentes. Espera-se que os catecúmenos possam adquirir uma conveniente maturidade cristã, levando para isso vários anos. “Com efeito, através da instrução e da aprendizagem da vida cristã durante um período suficientemente prolongado, os catecúmenos são iniciados nos mistérios da salvação, na prática dos costumes evangélicos e nos ritos sagrados que a seu tempo se hão-de celebrar e são introduzidos na vida da fé, na vida litúrgica e na vida de caridade do povo de Deus”(RICA 98).

• tempo da purificação e da iluminação (RICA 20-27)
Segue-se o tempo de purificação e da iluminação que coincide, normalmente, com a Quaresma. Este tempo destina-se a preparar intensamente o espírito e o coração dos candidatos que, pelas suas disposições, são idóneos para celebrar os sacramentos de iniciação. Este tempo é de iluminação porque, em razão do Baptismo, os neófitos são iluminados pela luz da fé. A Igreja propõe aos catecúmenos um tempo mais intenso de purificação, através da catequese e acções litúrgicas, da oração, dos exorcismos, da prática de penitência e do jejum, para lutarem contra as forças dos mal e purificarem o coração. Aqueles que já foram baptizados celebram aqui também o sacramento da Penitência com o qual são redimidos dos pecados cometidos após o Baptismo. A Igreja propõe-se, como Mãe, a gerar em Cristo aqueles que percorreram o caminho de iluminação e de purificação. É neste período que se faz a entrega do Símbolo e do Pai Nosso.

• celebração dos sacramentos
Segue-se a celebração dos Sacramentos de Iniciação, no caso dos não baptizados. Esta celebração faz-se ordinariamente na Vigília Pascal, presidida pelo Bispo e na presença de toda a comunidade cristã.

• mistagogia (RICA 27-40)
O tempo que se segue, o da mistagogia, é aquele onde toda a comunidade, juntamente com os neófitos, aprofunda cada vez mais o mistério pascal e procura traduzi-lo na vida, em fidelidade ao Evangelho, pela participação na Eucaristia e pelo exercício da caridade. Após a celebração dos sacramentos e pela experiência dos mesmos pode aprofundar-se o conhecimento dessas realidades salvíficas. O “sentido e o valor deste tempo vêm da experiência, pessoal e nova, tanto dos sacramentos como da comunidade”(RICA 40).

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Partes da Celebração Eucarística

As várias partes da Missa

RITOS INICIAIS

Os ritos que precedem a liturgia da Palavra

Reunido o povo, enquanto entra o sacerdote com o diácono e os ministros, inicia-se o cântico de entrada. A finalidade deste cântico é dar início à celebração, favorecer a união dos fiéis reunidos e introduzi-los no mistério do tempo litúrgico ou da festa, e ao mesmo tempo acompanhar a procissão de entrada do sacerdote e dos ministros.

* Entrada

O cântico de entrada é executado alternadamente pela schola e pelo povo, ou por um cantor alternando com o povo, ou por toda a assembleia em conjunto, ou somente pela schola. Pode utilizar-se ou a antífona com o respectivo salmo que vem no Gradual Romano ou no Gradual simples, ou outro cântico apropriado à acção sagrada ou ao carácter do dia ou do tempo, cujo texto tenha a aprovação da Conferência Episcopal[56].
Se não há cântico de entrada, recita-se a antífona que vem no Missal, ou por todos os fiéis, ou por alguns deles, ou por um leitor; ou então pelo próprio sacerdote, que também pode adaptá-la à maneira de admonição inicial (cf. n. 31).

Chegados ao presbitério, o sacerdote, o diácono e os ministros saúdam o altar com inclinação profunda.
Em sinal de veneração, o sacerdote e o diácono beijam então o altar; e, se for oportuno, o sacerdote incensa a cruz e o altar.



* Saudação
Terminado o cântico de entrada, o sacerdote, de pé junto da cadeira, e toda a assembleia fazem sobre si próprios o sinal da cruz; em seguida, pela saudação, faz sentir à comunidade reunida a presença do Senhor. Com esta saudação e a resposta do povo manifesta-se o mistério da Igreja reunida.
Depois da saudação do povo, o sacerdote, ou o diácono, ou outro ministro, pode, com palavras muito breves, introduzir os fiéis na Missa do dia.


* Ato penitencial, Kýrie (Senhor, tende piedade de nós), Em seguida, o sacerdote convida ao acto penitencial, o qual, após uma breve pausa de silêncio, é feito por toda a comunidade com uma fórmula de confissão geral e termina com a absolvição do sacerdote; esta absolvição, porém, carece da eficácia do sacramento da penitência.
Ao domingo, principalmente no tempo pascal, em vez do costumado acto penitencial pode fazer-se, por vezes, a bênção e a aspersão da água em memória do baptismo. Depois do ato penitencial, diz-se sempre o Senhor, tende piedade de nós (Kýrie, eléison), a não ser que já tenha sido incluído no acto penitencial. Dado tratar-se de um canto em que os fiéis aclamam o Senhor e imploram a sua misericórdia, é normalmente executado por todos, em forma alternada entre o povo e a schola ou um cantor.
Cada uma das aclamações diz-se normalmente duas vezes, o que não exclui, porém, um maior número, de acordo com a índole de cada língua, da arte musical ou das circunstâncias. Quando o Kýrie é cantado como parte do acto penitencial, cada aclamação é precedida de um «tropo».




Pode-se também realizar a benção da água e asperção da assembleia recordando nosso batismo.



*Glória e oração colecta – têm o carácter de exórdio, introdução e preparação.Oração colecta

Em seguida, o sacerdote convida o povo à oração; e todos, juntamente com ele, se recolhem uns momentos em silêncio, a fim de tomarem consciência de que se encontram na presença de Deus e poderem formular interiormente as suas intenções. Então o sacerdote diz a oração que se chama «colecta», pela qual se exprime o carácter da celebração. Segundo a tradição antiga da Igreja, a oração dirige-se habitualmente a Deus Pai, por Cristo, no Espírito Santo, e termina com a conclusão trinitária, isto é, a mais longa, deste modo:
– se é dirigida ao Pai: Per Dóminum nostrum Iesum Christum Fílium tuum, qui tecum vivit et regnat in unitáte Spíritus Sancti, Deus, per ómnia sáecula saeculórum;
– se é dirigido ao Pai, mas no fim é mencionado o Filho: Qui tecum vivit et regnat in unitate Spíritus Sancti, Deus, per omnia sáecula saeculórum;
– se é dirigido ao Filho: Qui vivis et regnas cum Deo Patre in unitate Spíritus Sancti, Deus, per omnia sáecula saeculórum.
O povo associa-se a esta súplica e faz sua a oração pela aclamação Amen.
Na Missa diz-se sempre uma só oração colecta. Com a aprovação da Sé Apostólica, nos países de língua portuguesa as orações concluem todas do mesmo modo:
– se é dirigida ao Pai: Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo;
– se é dirigido ao Pai, mas no fim é mencionado o Filho: Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo;
– se é dirigido ao Filho: Vós que sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo.




O Glória é um antiquíssimo e venerável hino com que a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus e ao Cordeiro. Não é permitido substituir o texto deste hino por outro. É começado pelo sacerdote ou, se for oportuno, por um cantor, ou pela schola, e é cantado ou por todos em conjunto, ou pelo povo alternando com a schola, ou só pela schola. Se não é cantado, é recitado ou por todos em conjunto ou por dois coros alternadamente.
Canta-se ou recita-se nos domingos fora do Advento e da Quaresma, bem como nas solenidades e festas, e em particulares celebrações mais solenes.


A finalidade dos Ritos inicias é estabelecer a comunhão entre os fiéis reunidos pelo Espírito Santo como assembleia santa e dispô-los para ouvirem devidamente a Palavra de Deus e celebrarem dignamente a Eucaristia no Mistério cúltico do Deus Uno-Trino.

Em algumas celebrações que, segundo as normas dos livros litúrgicos, se ligam à Missa, os ritos iniciais omitem-se ou realizam-se de modo específico.


LITURGIA DA PALAVRA

A parte principal da liturgia da palavra é constituída pelas leituras da Sagrada Escritura com os cânticos intercalares. São seu desenvolvimento e conclusão a homilia, a profissão de fé e a oração universal ou oração dos fiéis. Nas leituras, comentadas pela homilia, Deus fala ao seu povo, revela-lhe o mistério da redenção e salvação e oferece-lhe o alimento espiritual. Pela sua palavra, o próprio Cristo está presente no meio dos fiéis. O povo faz sua esta palavra divina com o silêncio e com os cânticos e a ela adere com a profissão de fé. Assim alimentado, eleva a Deus as suas preces na oração universal pelas necessidades de toda a Igreja e pela salvação do mundo inteiro.
A liturgia da palavra deve ser celebrada de modo a favorecer a meditação. Deve, por isso, evitar-se completamente qualquer forma de pressa que impeça o recolhimento. Haja nela também breves momentos de silêncio, adaptados à assembleia reunida, nos quais, com a ajuda do Espírito Santo, a Palavra de Deus possa ser interiorizada e se prepare a resposta pela oração. Pode ser oportuno observar estes momentos de silêncio depois da primeira e da segunda leitura e, por fim, após a homilia.
Nas leituras põe-se aos fiéis a mesa da palavra de Deus e abrem-se-lhes os tesouros da Bíblia. Convém, por isso, observar uma disposição das leituras bíblicas que ilustre a unidade de ambos os Testamentos e da história da salvação; não é lícito substituir as leituras e o salmo responsorial, que contêm a palavra de Deus, por outros textos não bíblicos.
Segundo a tradição, a função de proferir as leituras não é presidencial, mas sim ministerial. Por isso as leituras são proclamadas por um leitor, mas o Evangelho é anunciado pelo diácono ou por outro sacerdote. Se, porém, não estiver presente o diácono nem outro sacerdote, leia o Evangelho o próprio sacerdote celebrante; e se também faltar outro leitor idóneo o sacerdote celebrante proclame igualmente as outras leituras.
Depois de cada leitura, aquele que a lê profere a aclamação; ao responder-lhe, o povo reunido presta homenagem à palavra de Deus, recebida com fé e espírito agradecido.
A leitura do Evangelho constitui o ponto culminante da liturgia da palavra. Deve ser-lhe atribuída a maior veneração. Assim o mostra a própria Liturgia, distinguindo esta leitura das outras com honras especiais, quer por parte do ministro encarregado de a anunciar e pela bênção e oração com que se prepara para o fazer, quer por parte dos fiéis que, com as suas aclamações, reconhecem e confessam que é Cristo presente no meio deles quem lhes fala, e, por isso, escutam a leitura de pé; quer ainda pelos sinais de veneração ao próprio Evangeliário.
A primeira leitura é seguida do salmo responsorial, que é parte integrante da liturgia da palavra e tem, por si mesmo, grande importância litúrgica e pastoral, pois favorece a meditação da Palavra de Deus.
O salmo responsorial corresponde a cada leitura e habitualmente toma-se do Leccionário.
Convém que o salmo responsorial seja cantado, pelo menos no que se refere à resposta do povo. O salmista ou cantor do salmo, do ambão ou de outro sítio conveniente, recita os versículos do salmo; toda a assembleia escuta sentada, ou, de preferência, nele participa do modo costumado com o refrão, a não ser que o salmo seja recitado todo seguido, sem refrão. Todavia, para facilitar ao povo a resposta salmódica (refrão), fez-se, para os diferentes tempos e as várias categorias de Santos, uma selecção de responsórios e salmos, que podem ser utilizados, em vez do texto correspondente à leitura, quando o salmo é cantado. Se o salmo não puder ser cantado, recita-se do modo mais indicado para favorecer a meditação da palavra de Deus.
Em vez do salmo que vem indicado no Leccionário, também se pode cantar ou o responsório gradual tirado do Gradual Romano ou um salmo responsorial ou aleluiático do Gradual simples, na forma indicada nestes livros.



Depois da leitura, que precede imediatamente o Evangelho, canta-se o Aleluia ou outro cântico, indicado pelas rubricas, conforme o tempo litúrgico. Deste modo a aclamação constitui um rito ou um acto com valor por si próprio, pelo qual a assembleia dos fiéis acolhe e saúda o Senhor, que lhe vai falar no Evangelho, e professa a sua fé por meio do canto. É cantada por todos de pé, iniciada pela schola ou por um cantor, e pode-se repetir, se for conveniente; mas o versículo é cantado pela schola ou pelo cantor.
a) O Aleluia canta-se em todos os tempos fora da Quaresma. Os versículos tomam-se do Leccionário ou do Gradual;
b) Na Quaresma, em vez do Aleluia canta-se o versículo antes do Evangelho que vem no Leccionário. Também se pode cantar outro salmo ou tracto, como se indica no Gradual.

A sequência, que excepto nos dias da Páscoa e do Pentecostes é facultativa, canta-se antes do Aleluia.

A homilia é parte da liturgia da Palavra, é o desdobramento mistagógico e espiritual da Palavra de Deis proclamada. A mesma é vivamente recomendada: é um elemento necessário para alimentar a vida cristã. Deve ser a explanação de algum aspecto das leituras da Sagrada Escritura ou de algum texto do Ordinário ou do Próprio da Missa do dia, tendo sempre em conta o mistério que se celebra, bem como as necessidades peculiares dos ouvintes.

Habitualmente a homilia deve ser feita pelo sacerdote celebrante ou por um sacerdote concelebrante, por ele encarregado, ou algumas vezes, se for oportuno, também por um diácono, mas nunca por um leigo. Em casos especiais e por justa causa, a homilia também pode ser feita, por um Bispo ou presbítero que se encontra na celebração mas sem poder concelebrar.
Nos domingos e festas de preceito, deve haver homilia em todas as Missas celebradas com participação do povo, e não pode omitir-se senão por causa grave. Além disso, é recomendada, particularmente nos dias feriais do Advento, Quaresma e Tempo Pascal, e também noutras festas e ocasiões em que é maior a afluência do povo à Igreja.
Depois da homilia, observe-se oportunamente um breve espaço de silêncio.

PROFISSÃO DA FÉ - CREDO IN UNUN DEI



O símbolo, ou profissão de fé, tem como finalidade permitir que a assembleia reunida, responda à Palavra de Deus anunciada nas leituras da Sagrada Escritura e exposta na homilia, e que, proclamando a regra da fé, segundo a fórmula aprovada para o uso litúrgico, recorde e professe os grandes mistérios da fé, antes de começarem a ser celebrados na Eucaristia.

O Símbolo deve ser cantado ou recitado pelo sacerdote juntamente com o povo, nos domingos e nas solenidades. Pode também dizer-se em celebrações especiais mais solenes.
Se é cantado, é começado pelo sacerdote ou, se for o caso, por um cantor, ou pela schola; cantam-no todos em conjunto ou o povo alternando com a schola.
Se não é cantado, deve ser recitado conjuntamente por todos ou por dois coros alternadamente.

ORAÇÂO UNIVERSAL

Na oração universal ou oração dos fiéis, o povo responde, de algum modo à palavra de Deus recebida na fé e, exercendo a função do seu sacerdócio baptismal, apresenta preces a Deus pela salvação de todos. Convém que em todas as Missas com participação do povo se faça esta oração, na qual se pede pela santa Igreja, pelos governantes, pelos que se encontram em necessidade, por todos os homens em geral e pela salvação do mundo inteiro.

Normalmente a ordem das intenções é a seguinte:
a) pelas necessidades da Igreja;
b) pelas autoridades civis e pela salvação do mundo;
c) por aqueles que sofrem dificuldades;
d) pela comunidade local.
Em celebrações especiais – por exemplo, Confirmação, Matrimónio, Exéquias – a ordem das intenções pode acomodar-se às circunstâncias.

Compete ao sacerdote celebrante dirigir da sede esta prece. Ele próprio a introduz com uma breve admonição, na qual convida os fiéis a orar, e a conclui com uma oração. As intenções que se propõem, formuladas de forma sóbria, com sábia liberdade e em poucas palavras, devem exprimir a súplica de toda a comunidade.
Habitualmente são enunciadas do ambão ou de outro lugar conveniente, por um diácono, por um cantor, por um leitor, ou por um fiel leigo.
O povo, de pé, faz suas estas súplicas, ou com uma invocação comum proferida depois de cada intenção, ou orando em silêncio.


LITURGIA EUCARÍSTICA

Na última Ceia, Cristo instituiu o sacrifício e banquete pascal, por meio do qual, todas as vezes que o sacerdote, representando a Cristo Senhor, faz o mesmo que o Senhor fez e mandou aos discípulos que fizessem em sua memória, se torna continuamente presente o sacrifício da cruz.
Cristo tomou o pão e o cálice, pronunciou a acção de graças, partiu o pão e deu-o aos seus discípulos, dizendo: «Tomai, comei, bebei: isto é o meu Corpo; este é o cálice do meu Sangue. Fazei isto em memória de Mim». Foi a partir destas palavras e gestos de Cristo que a Igreja ordenou toda a celebração da liturgia eucarística. Efectivamente:
1) Na preparação dos dons, levam-se ao altar o pão e o vinho com água, isto é, os mesmos elementos que Cristo tomou em suas mãos.
2) Na Oração eucarística, dão-se graças a Deus por toda a obra da salvação, e as oblatas convertem-se no Corpo e Sangue de Cristo.
3) Pela fracção do pão e pela Comunhão, os fiéis, embora muitos, recebem, de um só pão, o Corpo e Sangue do Senhor, do mesmo modo que os Apóstolos o receberam das mãos do próprio Cristo.
A iniciar a liturgia eucarística, levam-se para o altar os dons, que se vão converter no Corpo e Sangue de Cristo.
Em primeiro lugar prepara-se o altar ou mesa do Senhor, que é o centro de toda a liturgia eucarística; nele se dispõem o corporal, o purificador (ou sanguinho), o Missal e o cálice, salvo se este for preparado na credência.
Em seguida são trazidas as oferendas. É de louvar que o pão e o vinho sejam apresentados pelos fiéis. Recebidos pelo sacerdote ou pelo diácono em lugar conveniente, são depois levados para o altar. Embora, hoje em dia, os fiéis já não tragam do seu próprio pão e vinho, como se fazia noutros tempos, no entanto o rito desta apresentação conserva ainda valor e significado espiritual.
Além do pão e do vinho, são permitidas ofertas em dinheiro e outros dons, destinados aos pobres ou à Igreja, e tanto podem ser trazidos pelos fiéis como recolhidos dentro da Igreja. Estes dons serão dispostos em lugar conveniente, fora da mesa eucarística.

A procissão em que se levam os dons é acompanhada do cântico do ofertório (cf. n. 37, b), que se prolonga pelo menos até que os dons tenham sido depostos sobre o altar. As normas para a execução deste cântico são idênticas às que foram dadas para o cântico de entrada (cf. n. 48). O rito do ofertório pode ser sempre acompanhado de canto.

O pão e o vinho são depostos sobre o altar pelo sacerdote, acompanhados das fórmulas prescritas. O sacerdote pode incensar os dons colocados sobre o altar, depois a cruz e o próprio altar. Deste modo se pretende significar que a oblação e oração da Igreja se elevam, como fumo de incenso, à presença de Deus. Depois o sacerdote, por causa do sagrado ministério, e o povo, em razão da dignidade baptismal, podem ser incensados pelo diácono ou por outro ministro.

A seguir, o sacerdote lava as mãos, ao lado do altar: com este rito se exprime o desejo de uma purificação interior.

A Oração Eucarística, que é uma oração de ação de graças e de consagração ao Pai pelo Filho no espírito Santo, como toda oração eclesial é patrofinalizada (destina-se ao Pai), é cristomediatizada (Cristo é o Sumo e eterno Sacerdote, nosso único mediador)e pneumato-amalgamada (o espírito santo é que forma a oração na comunidade reunida para a ação litúrgica - Rm 8, 26: "O espírito ora em nós com gemidos inefáveis").
O sacerdote convida o povo a elevar os corações para o Senhor, na oração e na acção de graças, e associa-o a si na oração que ele, em nome de toda a comunidade, dirige a Deus Pai por Jesus Cristo no Espírito Santo. O sentido desta oração é que toda a assembleia dos fiéis se una a Cristo na proclamação das maravilhas de Deus e na oblação do sacrifício.

Como elementos principais da Oração Eucarística podem enumerar-se os seguintes:



a) Acção de graças (expressa de modo particular no Prefácio): em nome de todo o povo santo, o sacerdote glorifica a Deus Pai e dá-Lhe graças por toda a obra da salvação ou por algum dos seus aspectos particulares, conforme o dia, a festa ou o tempo litúrgico.
b) Aclamação: toda a assembleia, em união com os coros celestes, canta o Sanctus (Santo).



Esta aclamação, que faz parte da Oração eucarística, é proferida por todo o povo juntamente com o sacerdote.
c) Epiclese: consta de invocações especiais, pelas quais a Igreja implora o poder do Espírito Santo, para que os dons oferecidos pelos homens sejam consagrados, isto é, se convertam no Corpo e Sangue de Cristo; e para que a hóstia imaculada, que vai ser recebida na Comunhão, opere a salvação daqueles que dela vão participar.
d) Narração da instituição e consagração: mediante as palavras e gestos de Cristo, realiza-se o sacrifício que o próprio Cristo instituiu na última Ceia, quando ofereceu o seu Corpo e Sangue sob as espécies do pão e do vinho e os deu a comer e a beber aos Apóstolos, ao mesmo tempo que lhes confiou o mandato de perpetuar este mistério.
e) Anamnese: em obediência a este mandato, recebido de Cristo Senhor através dos Apóstolos, a Igreja celebra a memória do mesmo Cristo, recordando de modo particular a sua bem-aventurada paixão, gloriosa ressurreição e ascensão aos Céus.
f) Oblação: neste memorial, a Igreja, de modo especial aquela que nesse momento e nesse lugar está reunida, oferece a Deus Pai, no Espírito Santo, a hóstia imaculada. A Igreja deseja que os fiéis não somente ofereçam a hóstia imaculada, mas aprendam a oferecer-se também a si mesmos e, por Cristo mediador, se esforcem por realizar de dia para dia a unidade perfeita com Deus e entre si, até que finalmente Deus seja tudo em todos.
g) Intercessões: por elas se exprime que a Eucaristia é celebrada em comunhão com toda a Igreja, tanto do Céu como da terra, e que a oblação é feita em proveito dela e de todos os seus membros, vivos e defuntos, chamados todos a tomar parte na redenção e salvação adquirida pelo Corpo e Sangue de Cristo.
h) Doxologia final: exprime a glorificação de Deus e é ratificada e concluída pela aclamação Amen do povo.



A celebração eucarística é um banquete pascal. Convém, por isso, que os fiéis, devidamente preparados, nela recebam, segundo o mandato do Senhor, o seu Corpo e Sangue como alimento espiritual. É esta a finalidade da fracção e dos outros ritos preparatórios, que dispõem os fiéis, de forma mais imediata, para a Comunhão.

O rito de conclusão consta de:
a) Notícias breves, se forem necessárias;
a) Saudação e bênção do sacerdote, a qual, em certos dias e em ocasiões especiais, é enriquecida e amplificada com uma oração sobre o povo ou com outra fórmula mais solene de bênção.
b) Despedida da assembleia, feita pelo diácono ou sacerdote;
c) Beijo no altar por parte do sacerdote e do diácono e depois inclinação profunda ao altar por parte do sacerdote, do diácono, e dos outros ministros.

Verbum Domini (Resumo)

"A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja".


Objetivo: "Desejo assim indicar algumas linhas fundamentais para uma redescoberta, na vida da Igreja, da Palavra divina, fonte de constante renovação, com a esperança de que a mesma se torne cada vez mais o coração de toda a atividade eclesial." (n. 1)


Religião da Palavra, não do livro: "A fé cristã não é uma 'religião do Livro': o cristianismo é a 'religião da Palavra de Deus', não de 'uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo'." (7)


Tradição e Escritura: "É a Tradição viva da Igreja que nos faz compreender adequadamente a Sagrada Escritura como Palavra de Deus." (17)



Sagrada Escritura, inspiração e verdade: "A Sagrada Escritura é 'Palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito de Deus'. Deste modo se reconhece toda a importância do autor humano que escreveu os textos inspirados e, ao mesmo tempo, do próprio Deus como verdadeiro autor." (19)


Deus escuta o homem: "É decisivo, do ponto de vista pastoral, apresentar a Palavra de Deus na sua capacidade de dialogar com os problemas que o homem deve enfrentar na vida diária. (...) A pastoral da Igreja deve ilustrar claramente como Deus ouve a necessidade do homem e o seu apelo." (23)



Exegese: "No seu trabalho de interpretação, os exegetas católicos jamais devem esquecer que interpretam a Palavra de Deus. A sua tarefa não termina depois que distinguiram as fontes, definiram as formas ou explicaram os processos literários. O objetivo do seu trabalho só está alcançado quando tiverem esclarecido o significado do texto bíblico como Palavra atual de Deus." (33)


Antigo Testamento e judaísmo: "A compreensão judaica da Bíblia pode ajudar a inteligência e o estudo das Escrituras por parte dos cristãos. (...) O Novo Testamento está oculto no Antigo e o Antigo está patente no Novo. (...) Desejo afirmar uma vez mais quão precioso é para a Igreja o diálogo com os judeus." (41/43)



Bíblia e ecumenismo: "Na certeza de que a Igreja tem o seu fundamento em Cristo, Verbo de Deus feito carne, o Sínodo quis sublinhar a centralidade dos estudos bíblicos no diálogo ecumênico, que visa a plena expressão da unidade de todos os crentes em Cristo." (46)


Traduções, serviço ao ecumenismo: "A promoção das traduções comuns da Bíblia faz parte do trabalho ecumênico. Desejo aqui agradecer a todos os que estão comprometidos nesta importante tarefa e encorajá-los a continuarem na sua obra." (46)



Escritura e Liturgia: "Exorto os Pastores da Igreja e os agentes pastorais a fazer com que todos os fiéis sejam educados para saborear o sentido profundo da Palavra de Deus que está distribuída ao longo do ano na liturgia, mostrando os mistérios fundamentais da nossa fé." (52)


A homilia: "É preciso que os pregadores tenham familiaridade e contato assíduo com o texto sagrado; preparem-se para a homilia na meditação e na oração, a fim de pregarem com convicção e paixão." (59)


Celebrações da Palavra de Deus: "Os Padres sinodais exortaram todos os Pastores a difundir, nas comunidades a eles confiadas, os momentos de celebração da Palavra. (...) Tal prática não pode deixar de trazer grande proveito aos fiéis, e deve considerar-se um elemento importante da pastoral litúrgica." (65)



Acústica: "Para favorecer a escuta da Palavra de Deus, não se devem menosprezar os meios que possam ajudar os fiéis a prestar maior atenção. Neste sentido, é necessário que, nos edifícios sagrados, nunca se descuide a acústica, no respeito das normas litúrgicas e arquitetônicas." (68)


Canto litúrgico: "No âmbito da valorização da Palavra de Deus durante a celebração litúrgica, tenha-se presente também o canto nos momentos previstos pelo próprio rito, favorecendo o canto de clara inspiração bíblica capaz de exprimir a beleza da Palavra divina por meio de um harmonioso acordo entre as palavras e a música. Neste sentido, é bom valorizar aqueles cânticos que a tradição da Igreja nos legou e que respeitam este critério; penso particularmente na importância do canto gregoriano." (70)


Atenção aos portadores de deficiência: "O Sínodo recomendou uma atenção particular àqueles que, por causa da própria condição, sentem dificuldade em participar ativamente na liturgia, como por exemplo os cegos e os surdos." (71)


A animação bíblica da pastoral: "O Sínodo convidou a um esforço pastoral particular para que a Palavra de Deus apareça em lugar central na vida da Igreja, recomendando que 'se incremente a pastoral bíblica, não em justaposição com outras formas da pastoral mas como animação bíblica da pastoral inteira'." (73)




Dimensão bíblica da catequese: "A atividade catequética implica sempre abeirar-se das Escrituras na fé e na Tradição da Igreja, de modo que aquelas palavras sejam sentidas vivas, como Cristo está vivo hoje onde duas ou três pessoas se reúnem em seu nome." (74).


Lectio Divina: "Nos documentos que prepararam e acompanharam o Sínodo, falou-se dos vários métodos para se abeirar, com fruto e na fé, das Sagradas Escrituras. Todavia prestou-se maior atenção à lectio divina, que 'é verdadeiramente capaz não só de desvendar ao fiel o tesouro da Palavra de Deus, mas também de criar o encontro com Cristo, Palavra divina viva'." (87)


Palavra de Deus e Terra Santa: "Os Padres sinodais lembraram a expressão feliz dada à Terra Santa: 'o quinto Evangelho'. Como é importante a existência de comunidades cristãs naqueles lugares, apesar das inúmeras dificuldades! O Sínodo dos Bispos exprime profunda solidariedade a todos os cristãos que vivem na Terra de Jesus, dando testemunho da fé no Ressuscitado." (89)


Anúncio e nova evangelização: "Há muitos irmãos que são 'batizados mas não suficientemente evangelizados'. É frequente ver nações, outrora ricas de fé e de vocações, que vão perdendo a própria identidade, sob a influência de uma cultura secularizada. A exigência de uma nova evangelização, tão sentida pelo meu venerado Predecessor, deve-se reafirmar sem medo, na certeza da eficácia da Palavra divina." (96)


Testemunho: "A Palavra de Deus alcança os homens através do encontro com testemunhas que a tornam presente e viva." (97)



Compromisso pela justiça: "A Palavra de Deus impele o homem para relações animadas pela retidão e pela justiça, confirma o valor precioso aos olhos de Deus de todas as fadigas do homem para tornar o mundo mais justo e mais habitável." (100)


Direitos humanos: "Quero chamar a atenção geral para a importância de defender e promover os direitos humanos de toda a pessoa (...). A difusão da Palavra de Deus não pode deixar de reforçar a consolidação e o respeito dos direitos humanos de cada pessoa." (101)


Palavra de Deus e paz: "No contexto atual, é grande a necessidade de descobrir a Palavra de Deus como fonte de reconciliação e de paz, porque nela Deus reconcilia em Si todas as coisas (cf. 2 Cor 5, 18-20; Ef 1, 10): Cristo 'é a nossa paz' (Ef 2, 14), Aquele que derruba os muros de divisão." (102)



Palavra de Deus e proteção da criação: "O compromisso no mundo requerido pela Palavra divina impele-nos a ver com olhos novos todo o universo criado por Deus e que traz já em si os vestígios do Verbo, por Quem tudo foi feito (...). A arrogância do homem que vive como se Deus não existisse, leva a explorar e deturpar a natureza, não a reconhecendo como uma obra da Palavra criadora." (108)



Internet: "No mundo da internet, que permite que bilhões de imagens apareçam sobre milhões de monitores em todo o mundo, deverá sobressair o rosto de Cristo e ouvir-se a sua voz, porque, 'se não há espaço para Cristo, não há espaço para o homem'." (113)


Diálogo interreligioso: "A Igreja reconhece como parte essencial do anúncio da Palavra o encontro, o diálogo e a colaboração com todos os homens de boa vontade, particularmente com as pessoas pertencentes às diversas tradições religiosas da humanidade, evitando formas de sincretismo e de relativismo." (117)


Diálogo e liberdade religiosa: "O respeito e o diálogo exigem a reciprocidade em todos os campos, sobretudo no que diz respeito às liberdades fundamentais e, de modo muito particular, à liberdade religiosa. Tal respeito e diálogo favorecem a paz e a harmonia entre os povos." (120)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

El Vaticano II y las Reformas Litúrgicas - P. Joseph Carola



Entrevista de Mary Shovlain (EWTN) al P. Joseph Carola, SJ, Sacerdote Jesuita y Profesor de la Pontificia Universidad Gregoriana de Roma, sobre los cambios de la Liturgia después del Vaticano II y sobre la Forma Ordinaria y Extraordinaria del único Rito Romano del Santo Sacrificio de la Misa.

Hace explícita mención del Documento "Summorum Pontificum" de Benedicto XVI y de "Universae Ecclesiae" de la Comisión Ecclesia Dei.

Dies Domini: o Domingo dia Pascal-Pentencostal



Na Carta Apostólica "Mane nobiscum Domine", o saudoso e Beato papa João Paulo II pedia que os cristãos católicos, como fruto do Ano da Eucaristia, fossem estimulados a dar novo valor ao domingo, Dia do Senhor, especialmente à participação na missa dominical (cf. n° 23).

E, na carta "Novo Millennio Ineunte", elencou a santificação do domingo e a participação na missa dominical como parte essencial do programa pastoral que a Igreja devia realizar no novo milênio (cf. n° 35-36). Segundo o Concílio Vaticano II, o domingo é o "dia primordial" da semana (cf. SC 106).

É o dia que o Ressuscitado fez para nós (SI 118/117,24)!
Domingo ("dies dominica", isto é, "dia do Senhor") é o dia que o Ressuscitado aparece aos apóstolos e discípulos reunidos e envia o Espírito Santo. É o dia em que as comunidades, reunidas em assembléia em nome de Cristo, para perpetuar a sua memória, fazem a experiência pascal da alegre esperança da sua nova vinda: "Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!".

Para são Jerônimo (+ 419), grande tradutor das Sagradas Escrituras, "o domingo é o dia da ressurreição, o dia dos cristãos, nosso dia". Assim, para ele, era impossível ser cristão sem participar da reunião dominical da comunidade para fazer memória de Jesus, o Cristo Ressuscitado. A missa dominical é o momento eclesial máximo, no qual a Igreja espiritual se torna visível e concreta, como em nenhum outro momento.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

"O que é a Liturgia das Horas e qual a sua imp...

Ofício Divino - Parte 3



O livro litúrgico da Liturgia das Horas

História

Quando o Ofício divino se organizou, foram necessários livros que contivessem os diversos textos utilizados para a sua celebração. Assim, surgiram vários livros, cada um contendo um determinado tipo de texto: o Saltério (para os salmos), o Antifonário (para as antífonas), o Hinário (para os hinos), o Leccionário (para as leituras), etc. Esse conjunto de livros era utilizado na celebração comunitária, que inicialmente era a mais comum.

Contudo, com a difusão da recitação privada, tornou-se clara a desvantagem de ter uma multiplicidade de livros. Foi-se então reunindo os materiais em volumes isolados, até que, pelo século XI, surgiu um só livro em que todos os textos necessários se encontravam compilados, aparecendo assim um volume que abreviava todos os outros: o Breviário.

Tal livro destinava-se à recitação privada e a situações de viagem, ou semelhantes. O novo livro litúrgico impôs-se universalmente e, com o aparecimento da imprensa, conheceu grande difusão.

A reforma litúrgica tridentina consagrou o breviário como livro litúrgico para o Ofício divino, e assim permaneceu até aos nossos dias. Chamava-se então Breviário Romano (Breviarium Romanum) e apresentava-se geralmente em quatro volumes. Pio V o promulgou para todo o clero, e por isso também foi chamado de Breviário de Pio V.

São Pio X o reformou em 1 de novembro de 1911, com a bula Divino Afflatu, facilitando a recitação do saltério. Continuando essa reforma iniciada por São Pio X, a Sagrada Congregação dos Ritos simplificou as festas dos santos, com o decreto de 23 de março de 1955.

A reforma litúrgica do Concílio Vaticano II manteve a forma externa do livro litúrgico, modificando apenas o conteúdo.

Atualidade

Os vários textos utilizados na celebração da Liturgia das Horas são reunidos numa publicação intitulada "Liturgia das Horas", que se apresenta geralmente em quatro volumes, cada um destinado a uma determinada época do ano litúrgico:
1.Advento e Natal.
2.Quaresma, Tríduo pascal e Tempo pascal.
3.Semanas 1 a 17 do Tempo comum.
4.Semanas 18 a 34 do Tempo comum.

Em cada um destes volumes constam também as celebrações dos santos e outras que constam do calendário e que podem surgir em cada uma das épocas a que diz respeito determinado volume.

A versão abreviada em um único volume ainda chama-se Breviário.

LINKS DE SITES DE LITURGIA

http://www.liturgia.pt/lh/

http://www.liturgia.it/

http://www.liturgia.it/riviste.htm

http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/it/2u.htm#b

http://www.rivistaliturgica.it/upload/2008/sommario5.asp

http://www.santanselmo.org/

Ofício Divino - Parte 2



A oração pública e comum do povo de Deus é considerada com razão entre as principais funções da Igreja. Nos primórdios, já os batizados eram "perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações" (At. 2,42). Várias vezes os Atos dos Apóstolos atestam que a comunidade cristã orava em comum.

Os documentos da Igreja primitiva também testemunham que os fiéis, cada um em particular, se entregavam à oração em determinadas horas. Assim, muito cedo prevaleceu, em diversas regiões, o costume de reservar para a prece comum tempos fixos, como a última hora do dia, ao anoitecer, quando se acendiam as luzes, ou a primeira, quando, saindo o sol, a noite finda. Com o decorrer do tempo chegaram a santificar com uma prece também as demais horas, que os Padres viam insinuadas nos Atos dos Apóstolos. Aí, de fato, aparecem os discípulos reunidos às nove horas (At. 2,1-15). O príncipe dos Apóstolos “subiu ao terraço para orar pelas doze horas (At 10,9)”. "Pedro e João subiam ao templo à hora da oração, às quinze horas" (At. 3,1). "Por volta da meia-noite, Paulo e Silas, em oração louvavam a Deus" (At. 16,5).

Essas orações, celebradas em comum, foram pouco a pouco aperfeiçoadas e organizadas como o ciclo completo das Horas. Enriquecida com leituras, essa Liturgia das Horas ou Ofício Divino, é antes de tudo oração de louvor e petição e é oração da Igreja com Cristo e a Cristo.

A Liturgia das Horas desenvolveu-se pouco a pouco, até se tornar a oração da Igreja local, onde veio a ser, em tempos e lugares estabelecidos, sob a presidência do sacerdote, como que complemento necessário a todo culto divino, que se encerra no Sacrifício eucarístico e que devia ter repercussão e estender-se a toda as horas da vida humana.

Tendo sido aumentado gradualmente, no correr dos tempos, o livro do Ofício divino (outro nome de Liturgia das Horas) tornou-se instrumento adequado para a ação sagrada a que se destina. Todavia, em várias épocas foram introduzidas modificações notáveis no modo de celebrar as Horas, contando-se entre estas modificações a celebração individual. Por isto não é de se admirar que o próprio livro, denominado Breviário, se tenha adaptado às várias formas, que exigiam muitas vezes composição diversa.

Com o Concílio Vaticano II foram feitas reformas também na Liturgia das Horas, até chegar à forma que hoje temos.

Sendo a oração de todo Povo de Deus, o Ofício foi disposto e preparado de tal maneira que nele possam tomar parte não apenas os clérigos, mas também os religiosos e os leigos. A celebração pode adaptar-se às diversas comunidades que celebram a Liturgia das Horas, segundo sua condição e vocação.

A Liturgia das Horas é uma santificação do dia. Por isso, renovou-se a ordem da oração, de tal modo que as Horas canônicas (Laudes, Terça, Média, Noa, Vésperas e Completas) possam mais facilmente adaptar-se às várias horas do dia, considerando as condições em que transcorre a vida humana em nosso tempo. Deu-se maior importância às Laudes (Manhã) e Vésperas (Tarde), partes principais de todo o Ofício.

De acordo com as normas dadas pelo Concílio, o Saltério distribui-se em quatro semanas. Para aumentar-lhe a riqueza espiritual, foram acrescentados às Laudes outros cânticos, tirados de livros do Antigo Testamento, enquanto que alguns cânticos do Novo Testamento, como pérolas preciosas, se introduziram nas Vésperas.

Nas Laudes foram acrescentadas as Preces, com as quais se quer consagrar o dia e se fazem as invocações para o início do trabalho cotidiano. Nas Vésperas se faz uma breve oração de súplica, estruturada como a oração universal. No final das Preces se introduziu a Oração do Senhor. Assim, considerando que é rezada também na Missa, se restabelece, em nosso tempo, o uso da Igreja antiga de rezar essa Oração três vezes ao dia.

A celebração da Liturgia das Horas, quando particularmente por esse motivo a Igreja se reúne, manifesta a verdadeira natureza da Igreja orante, da qual se revela como sinal maravilhoso.

Há pessoas (os ministros ordenados e os religiosos) que receberam da Igreja o mandato de celebrar a Liturgia das Horas. Estas devem cumprir seu dever todos os dias rigorosamente, com a recitação integral, fazendo coincidir, na medida do possível, com o verdadeiro momento de cada uma das Horas. Além disso, devem dar-se devida importância, sobretudo às Laudes e Vésperas. Estas pessoas não se sintam impelidas unicamente por uma lei a cumprir, mas antes pela reconhecida importância intrínseca da oração e pela sua utilidade pastoral e ascética.

A Liturgia das Horas estende pelas diversas horas do dia os louvores e ações de graças, como também a memória dos mistérios da salvação, as petições e aquele antegozo da glória celeste contidos no mistério eucarístico, "centro e ápice de toda a vida da comunidade cristã".

A própria celebração da Eucaristia tem por sua vez, na Liturgia das Horas, a sua melhor preparação; porquanto esta desperta e alimenta da melhor maneira as disposições necessárias para celebrar com proveito a Eucaristia, quais são a fé, a esperança, a caridade, a devoção e o espírito de sacrifício.

Ofício Divino - Parte 1



A Liturgia das Horas é destinada a tornar-se a oração comunitária de toda a Igreja Católica. Nela, o próprio Cristo “continua a exercer sua função sacerdotal por meio de sua Igreja”; cada um participa dela segundo seu lugar próprio na Igreja e segundo as circunstâncias de sua vida: os presbíteros, enquanto dedicados ao ministério da palavra; os religiosos e as religiosas, pelo carisma de sua vida consagrada; os leigos, segundo suas possibilidades. “Os pastores de almas cuidarão que as horas principais, especialmente as vésperas, nos domingos e dias festivos mais solenes, sejam celebradas comunitariamente na Igreja. Recomenda-se que os próprios leigos recitem o Ofício divino, ou juntamente com os presbíteros, ou reunidos entre si, e até cada um individualmente”.

A "Instrução Geral da Liturgia das Horas" recomenda que “a Liturgia das Horas, tal como as demais acções litúrgicas, não é acção privada, mas pertence a todo o corpo da Igreja, manifesta-o e afecta-o.” (n. 20). Por esse motivo, a Igreja recomenda que seja celebrada comunitariamente, pois assim se exprime melhor a sua essência intrínseca. Sempre que seja possível, a celebração em grupo, comunitariamente, é preferível à celebração individual. No entanto, a celebração individual continua a estar inserida na oração de toda a Igreja, pelo que toda a celebração da Liturgia das Horas é sempre a seu modo comunitária.

Quem celebra a Liturgia das Horas?

A Liturgia das Horas não é ação privada, mas para todo corpo da Igreja. Sendo assim, há, de fato, um ministro delegado para isso. Para a celebração comunitária, ter-se-á um diácono ou o próprio padre. Nos mosteiros, pode celebrá-la o superior; sendo assim, até um bispo. Para a celebração individual ou comunitária quando somente leigos participam, o próprio fiel pode celebrá-la. A diferença reside no facto de se tratar de uma obrigação para os ministros ordenados (diáconos, presbíteros, bispos, arcebispos, cardeais e até do Papa ) celebrar o Ofício Divino em todas as suas horas (Laudes, Hora Média, Vésperas e Completas), enquanto não é obrigação dos leigos celebrar o Ofício Divino em todos o seus momentos.

Origem da Liturgia das Horas

A oração judaica

O costume de os cristãos rezarem regularmente a diversos momentos do dia tem origem no costume judaico. Os judeus, no tempo de Jesus Cristo, tinham uma oração pública e privada perfeitamente regulamentada quanto às horas, composta de salmos e de leituras do Antigo Testamento.

Jesus Cristo, enquanto judeu, terá certamente praticado este tipo de oração, e o mesmo terão feito os Apóstolos.

Os cristãos continuaram com esse costume, praticamente nos mesmos moldes, dando-lhe, claro, um sentido cristão, pelo que às leituras do Antigo Testamento cedo se juntaram leituras dos Evangelhos e das Epístolas.

Oração de Cristo e oração da Igreja

Jesus Cristo, ao longo dos Evangelhos, aparece frequentemente em oração, que aparece como parte essencial do seu ministério terreno. Do mesmo modo, recomenda aos seus discípulos que façam o mesmo e que “orem sem cessar”. Por esse motivo, os primeiros cristãos levaram a sério esta recomendação, pelo que tinham a oração regular como elemento essencial da sua vida cristã. Assim, encontramos nos Actos dos Apóstolos frequentes referências à oração dos primeiros cristãos e a horas determinadas em que essa oração era praticada, sempre com a intenção de cumprir o mandamento de Cristo.


Desenvolvimento da oração comunitária

Com o progressivo distanciamento dos judeus, sobretudo desde a destruição de Jerusalém e a diáspora, os cristãos foram desenvolvendo um esquema próprio de oração. Ao longo dos séculos, toma forma a oração regular nas cidades, sob a presidência do bispo, centrada em dois pólos: a manhã e a tarde. Todos os cristãos eram convidados a tomar parte nesta oração pública e comunitária, ainda que sem obrigação.

A recitação privada das diversas horas primeiramente não existia, mas foi sendo recomendada àqueles que não podiam participar na celebração comunitária.

A oração das horas e a vida monástica

No quinto século da era cristã. Bento estruturou o Ofício Divino em oito períodos, incluindo um no meio da noite especificamente para os monges. A Regra de S. Bento se tornou um dos documentos mais importantes na formação da cultura ocidental.

Com o aparecimento do monaquismo, a oração regular passa a fazer parte integrante da vida consagrada. O facto de ser realizada por pessoas que dedicavam grande parte do seu dia à oração levou a que essa oração se desenvolvesse e aumentasse, incluindo várias horas durante o dia, além das tradicionais de manhã e à tarde.

Mais elaborada e comprida, a oração monástica acabou por influenciar a oração das catedrais, que integrou horas tipicamente monásticas.

A privatização da oração da Igreja

No início, a oração da Igreja era presidida pelo bispo, rodeado pelos seus presbíteros e diáconos e pelo povo cristão. Ora, com o desaparecimento dos diáconos e o envio dos presbíteros para zonas mais distantes da diocese, onde se estabeleceram como enviados do bispo, tal celebração comunitária acabou por cair em desuso. Os presbíteros passaram então a rezar privadamente as diversas horas.

Além disso, a oração da Igreja foi-se tornando progressivamente desconhecida para o povo cristão, pelo facto de ser mantida em latim, língua que o povo do império romano foi progressivamente abandonando e deixando de entender.

Isto motivou que a oração das horas se tornasse na prática algo reservado aos clérigos, mentalidade que se enraizou na consciência dos cristãos e que se mantém até hoje, apesar de não ser o seu sentido original.

Especial liturgia das horas

INSTRUÇÃO GERAL SOBRE A LITURGIA DAS HORAS - RESUMO


INSTRUÇÃO GERAL SOBRE A LITURGIA DAS HORAS - RESUMO



CAPITULO I



IMPORTÂNCIA DA LITURGIA DAS HORAS OU OFÍCIO DIVINO NA VIDA DA IGREJA



1. A oração pública e comunitária do povo de Deus é com razão considerada uma das principais funções da Igreja. Daí que, logo no princípio, os batizados «eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão e às orações» (At 2, 42). Da oração unânime da comunidade cristã nos dão repetidos testemunhos os Atos dos Apóstolos.

Que também os fiéis se costumavam entregar à oração individual em determinadas horas do dia, provam-no igualmente os documentos da primitiva Igreja. Depois foi-se introduzindo muito cedo, aqui e além, o costume de consagrar à oração comunitária alguns tempos especiais, por exemplo, a última hora do dia, ao entardecer, no momento em que se acendiam as luzes, e a primeira hora da manhã, quando, ao despontar o astro do dia, a noite chega ao seu termo.



Com o decorrer dos tempos, foram-se ainda santificando pela oração comunitária outras horas, que os Padres viam insinuadas na leitura dos Atos dos Apóstolos. Assim, os Atos falam-nos dos discípulos reunidos [para a oração] à terceira hora; o Príncipe dos Apóstolos «sobe ao terraço da casa para orar, por volta da sexta hora» (10, 9); «Pedro ... e João sobem ao templo, para a oração da hora nona» (3, 1); «a meio da noite, Paulo e Silas, em oração, entoavam louvores a Deus» (16, 25).



2. Estas orações, feitas em comunidade, foram-se progressivamente organizando, até que vieram a constituir um ciclo horário bem definido. Esta Liturgia das Horas, ou Ofício Divino, embora enriquecida de leituras, é antes de mais oração de louvor e de súplica: oração da Igreja, com Cristo e a Cristo.

[...]

IV. QUEM CELEBRA A LITURGIA DAS HORAS




a) Celebração comunitária



20. A Liturgia das Horas, tal como as demais ações litúrgicas, não é ação privada, mas pertence a todo o corpo da Igreja, manifesta-o e afeta. O caráter eclesial da celebração aparece-nos com toda a sua clareza – e, por isso mesmo, é sumamente recomendável – quando realizada, com a presença do próprio Bispo rodeado dos seus presbíteros e restantes ministros, por uma Igreja particular, «na qual está presente e operante a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica». Esta celebração, quando levada a efeito, mesmo sem a presença do Bispo, por um cabido de cônegos ou por outros presbíteros, far-se-á sempre atendendo à verdade das Horas e, tanto quanto possível, com a participação do povo. O mesmo se diga dos cabidos das colegiadas.



21. As outras assembleias de fiéis, entre as quais há que destacar as paróquias como células da diocese, localmente constituídas sob a presidência dum pastor como substituto do Bispo, e que «dalgum modo representam a Igreja visível estabelecida por toda a terra», celebrem as Horas principais, quanto possível, na igreja e em forma comunitária.



22. Sempre que os fiéis são convocados e se reúnem para celebrar a Liturgia das Horas, pela união das vozes e dos corações manifestam a Igreja que celebra o mistério de Cristo.

[...]



27. Os grupos de leigos, onde quer que se encontrem reunidos, seja qual for o motivo destas reuniões — oração, apostolado ou outro motivo — são igualmente convidados a desempenhar esta função da Igreja, celebrando alguma parte da Liturgia das Horas. Importa, de fato, que aprendam acima de tudo a adorar a Deus Pai em espírito e verdade na ação litúrgica, e se lembrem que, através do culto público e da oração, eles podem atingir todos os homens e contribuir muito para a salvação do mundo inteiro.

Convém, finalmente, que a família, qual santuário doméstico da Igreja, não se contente com a oração feita em comum, mas, dentro das suas possibilidades, procure inserir-se mais intimamente na Igreja, com a recitação dalguma parte da Liturgia das Horas.

[...]




CAPÍTULO II


SANTIFICAÇÃO DO DIA:

AS DIVERSAS HORAS LITÚRGICAS



I. INTRODUÇÃO A TODO O OFÍCIO



34. A introdução a todo o Ofício é normalmente formada pelo Invitatório. Este é constituído pelo versículo — Abri, Senhor, os meus lábios: E a minha boca anunciará o vosso louvor — e pelo salmo 94. Este salmo é um convite dirigido

todos os dias aos fiéis para que celebrem os louvores de Deus e escutem a sua voz, e ao mesmo tempo uma exortação a esperarem «o repouso do Senhor».

Se parecer bem, o salmo 94 pode ser substituído pelos salmos 99, 66 ou 23.

O salmo invitatório deve ser recitado, como se indica no lugar próprio, em forma responsorial, quer dizer, acompanhado da respectiva antífona. Esta é enunciada e repetida no princípio, e retomada após cada estrofe.



35. O Invitatório tem o seu lugar próprio no princípio de todo o ciclo da oração quotidiana; isto é, ou antes das Laudes ou antes do Ofício das Leituras, conforme o dia se iniciar com uma ou outra destas duas ações litúrgicas. No caso de se dever antepor a Laudes, pode-se omitir eventualmente o salmo com a respectiva antífona.

domingo, 15 de janeiro de 2012

“Exegese Medieval. Os quatro sentidos da Escritura”



Em Jesus Cristo, que era a finalidade, a antiga Lei encontrou precedentemente a sua unidade. Século após século, tudo nessa Lei convergia para Ele. É Ele que, da totalidade das Escrituras, formava já a única Palavra de Deus.

Nele, os “verba multa” (as muitas palavras) dos escritores bíblicos tornam-se para sempre “Verbum unum”(Palavra única). Sem Ele, ao invés, o laço se dissolve: de novo a palavra de Deus se reduz a fragmentos de “palavras humanas; palavras múltiplas, não somente numerosas, mas múltiplas por essência e sem unidade possível, porque, como constata Hugo de São Vítor, “multi sunt sermones hominis, quia cor hominis unum non est” (Muitas são as palavras do homem, porque o coração do homem não é uno).

Ei-lo, portanto, este Verbo único. Ei-lo entre nós “que sai de Sião”. Que tomou carne no seio da Virgem. “Omnem Scripturae universitatem, omne verbum suum Deus in utero virginis coadunavit” (Todo o conjunto das Escrituras, cada sua palavra, Deus a reuniu no seio da Virgem).



Ei-lo agora, total, único, na sua unidade visível. Verbo abreviado, Verbo “concentrado”, não somente neste primeiro sentido que Ele, que é um si mesmo imenso e incompreensível, que é Aquele que é infinito no seio do Pai, se comprime no seio da Virgem ou se reduz às proporções de um menino na gruta de Belém, como São Bernardo e seus filhos gostavam de falar, como repetia M. Olier num hino para o Ofício da vida interior de Maria, e, ainda há pouco, o padre Teihard de Chardin.



Mas, [Verbo concentrado] também e ao mesmo tempo no sentido que o conteúdo múltiplo das Escrituras, espalhado ao longo dos séculos de expectativa vem todo inteiro comprimir-se para se cumprir, isto é unificar-se, completar-se, iluminar-se e transcender-se Nele. “Semel locutus est Deus” (Deus pronunciou uma só Palavra): Deus pronuncia uma só palavra, não só em si mesmo, na sua eternidade sem vicissitudes, no ato imóvel com o qual gera o Verbo, como Santo agostinho recordava; mas também, como ensinava já Santo Ambrósio, no tempo e entre os homens, no ato com o qual ele envia o seu Verbo para habitar a nossa terra. “Semel locutus est Deus, quando locutus in Filio est” (Deus pronunciou uma só palavra, quando falou no seu Filho): porque é Ele que dá o sentido a todas as palavras que o anunciavam, tudo se explica Nele e somente Nele: “Et audita sunt etiam illa quae ante audita non erant ab iis quibus locutus fuerat per prophetas” (E agora são compreendidas todas aquelas palavras que não foram entendidas antes por aqueles aos quais ele tinha falado por meio dos profetas).



Sim, Verbo abreviado, “abreviadíssimo”, “brevissimum”, mas substancial por excelência. Verbo abreviado, mas maior que aquilo que ele abrevia. Unidade de plenitude. Concentração de luz. A encarnação do Verbo equivale à abertura do Livro, cuja multiplicidade exterior deixa agora perceber a seiva única, esta seiva da qual os fiéis se nutrirão. Eis que com o “fiat” (faça-se) de Maria que responde ao anúncio do anjo, a Palavra, até então somente audível aos ouvidos, tornou-se visível aos olhos, palpável às mãos, portável aos ombros. Mais ainda: ela se tornou “comestível”. Nada das verdades antigas, nada dos antigos preceitos foi perdido, mas tudo passou a um estado melhor. Todas as Escrituras nas mãos: “Toda a Bíblia em substância, para que nós dela façamos um só bocado...” Várias vezes e de modos diversos Deus tinha distribuído aos homens, folha por folha, um livro escrito, no qual uma Palavra única estava escondida debaixo de numerosas palavras: hoje ele lhes abre este livro para mostrar-lhes todas essas palavras reunidas na Palavra única. Filius incarnatus, Verbum incarnatum, Liber maximus (Filho encarnado, Verbo encarnado, Livro por excelência): o pergaminho do Livro é agora a sua carne; aquilo que nele está escrito é a sua divindade...

Toda a essência da revelação está contida no preceito do amor. Nesta única palavra, “toda a Lei e os Profetas”. Mas este Evangelho anunciado por Jesus, esta palavra pronunciada por Ele, se contém tudo, é porque outro não é que Jesus mesmo. A sua obra, a sua doutrina, a sua revelação: é Ele! A perfeição que ele ensina é a perfeição que ele traz. Christus, plenitudo legis (Cristo, plenitude da lei). É impossível separar a sua mensagem da sua pessoa, e aqueles que tentaram isso não demoraram muito a serem levados a trair a própria mensagem. Pessoa e mensagem, finalmente, não são mais que uma só coisa. Verbum abbreviatum, Verbum coadunatum: (Verbo abreviado, Verbo condensado), unificado, perfeito! Verbo vivo e vivificante. Contrariamente às leis da linguagem humana, que se torna clara quando é explicada, [esta Palavra] de obscura, torna-se manifesta apresentando-se sob a sua forma abreviada. Verbo pronunciado antes “in abscondito” (escondidamente) e, agora, “manifestum in carne” (manifestado na carne). Verbo abreviado, Verbo sempre inefável em si mesmo e que, todavia, explica tudo!



As duas formas, do Verbo abreviado e dilatado, são inseparáveis. Portanto, o Livro permanece, mas ao mesmo tempo passa todo inteiro em Jesus e, para o crente, a sua meditação consiste em contemplar esta passagem. Mane ou Maomé escreveram livros. Jesus, ao invés, nada escreveu. Moisés e os outros profetas “escreveram sobre Ele”. A relação entre o Livro e a sua Pessoa é, portanto, o oposto da relação que se observa em outras situações. Assim, a Lei evangélica não é uma “lex scripta” (lei escrita). O cristianismo, propriamente falando, não é uma “religião do Livro”: é a religião da Palavra – mas não única nem principalmente da Palavra sob a sua forma escrita. Ele é a religião do Verbo, “não de um verbo escrito e mudo, mas de um Verbo encarnado e vivo”. A Palavra de Deus agora está aqui entre nós, “de modo tal que se pode vê-la e tocá-la”: Palavra “viva e eficaz”, única e pessoal, que unifica e sublima todas as palavras que dela deram testemunho. O cristianismo não é “a religião bíblica”: é a religião de Jesus Cristo!

Pe. Hanry De Lubac

sábado, 14 de janeiro de 2012

Liturgia: opus Dei

A liturgia é para nosso alimento, alento e transformação espiritual: ela nos cristifica, isto é, é obra do próprio Cristo que, na potência do Espírito, nos dá sua própria vida, aquela que ele possui em plenitude na sua humanidade glorificada no céu. Participar da liturgia é participar das coisas do céu, é entrar em comunhão com a própria vida plena e glorificada do Cristo nosso Senhor.



A liturgia não é feita produzida por nós, não é obra nossa! Ela é instituição do próprio Senhor. Para se ter uma idéia, basta pensar em Moisés, que vai ao faraó e lhe diz: “Assim fala o Senhor: deixa o meu povo partir para fazer-me uma liturgia no deserto”. E, mais adiante, explica ao faraó que somente lá, no deserto, o Senhor dirá precisamente que tipo de culto e que coisas o povo lhe oferte.

Isto tem a ação litúrgica de específico e encantador: não entramos nela para fazer do nosso modo, mas do modo de Deus; não entramos nela para nos satisfazer, mas para satisfazer a vontade de Deus. Por isso digo tantas vezes que o espaço litúrgico não é primeiramente antropológico, mas teológico: a liturgia é espaço privilegiado para a manifestação e atuação salvífica de Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. Nela, a obra salvífica de Cristo é perenemente continuada na Igreja.

O problema é que entrou em certos ambientes da Igreja uma concepção errada de liturgia, totalmente alheia ao sentido da genuína tradição cristã: a liturgia como algo que nós fazemos, do nosso modo, a nosso gosto, para exprimir nossos próprios sentimentos. Numa concepção dessas, o homem, com seus sentimentos, gostos e iniciativas, é o centro e Deus fica de lado! Trata-se, então, de uma simples busca de nós mesmos, produzida por nós mesmos; uma ilusão, pois aí só encontramos nós e os sentimentos que provocamos. É o triste curto-circuito: faz-se tudo aquilo (coreografias, palmas, trejeitos, barulho, baterias infernais, sorrisinhos do celebrante, comentários e cânticos intimistas, invenções impertinentes e despropositadas...) para que as pessoas sintam, liguem-se, “participem”... Mas, tudo isto somente liga a assembleia a si mesma. Não passa de uma exaltação subjetiva e sentimental! Aí não se abre de fato para o Silêncio de Deus, para Aquele que vem nos surpreender com sua glória e sua ação silenciosa, profunda, consistente e transformadora. A assembleia já não celebra com a Igreja de todos os tempos e de todos os lugares; muito menos com a Igreja celeste!

O sentido da liturgia é um outro: é um culto prestado a Deus porque ele é Deus! O interesse é Deus! A liturgia é algo devido a Deus e instituído pelo próprio Deus. Quando alguém participa de uma liturgia celebrada como a Igreja determina e sempre celebrou, se reorienta, se reencontra, toma consciência de sua própria verdade: sou pequeno, dependente de Deus e profundamente amado por ele: nele está minha vida, meu destino, minha verdade, minha paz. Nada é mais libertador que isso.

Vê-se a diferença entre essas duas atitudes ante a realidade litúrgica: na visão que se está difundindo, criamos uma sensação, uma ilusão. É algo parecido com a sensação de bem-estar que se pode sentir diante de uma paisagem bonita, num bloco de carnaval, num show, num momento sublime, numa noite com a pessoa amada... Na perspectiva que a Igreja sempre teve e ensinou, não! Estamos diante da Verdade que é Deus; verdade que não produzimos nem inventamos, mas vem a nós e enche o nosso coração! Devemos procurá-la? Certamente sim: "Fizeste-nos para ti, Senhor, e nosso coração andará inquieto enquanto não descansar em ti!" Mas para isto é indispensável a capacidade de silêncio, de escuta, de abrir os olhos do coração para a beleza de Deus. A liturgia nos dá isto!