sábado, 12 de maio de 2012

Ascensão do Senhor

Ascensão do Senhor

“Esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à Direita de Deus; aspirai Às coisas celestes e não às coisas terrestres. Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória” (Cl 3,1-4).



Convido-os a contemplar este ícone um instante: “homens da Galiléia, por que estais admirados, olhando para o céu? Este Jesus há de voltar, do mesmo modo que o vistes subir!”

O que nos diz a liturgia acerca da Solenidade do Senhor Ressuscitado que sobe aos céus para estar sentado junto do Pai?
Vejamos um pouco dos sacramentários e o que hoje esta solenidade nos quer dizer:

a) Formação e evolução

Para falarmos da formação e evolução da Ascensão do Senhor, importa inspirar-nos, primeiro, no livro dos At 1,6-8, onde os discípulos se interrogam sobre o tempo da reconstrução do reino, percebido sobretudo no ponto de vista político. Por isso, nos primórdias da Igreja a Ascensão de Jesus foi ligada à descida do Espírito Santo (o último dia da Quinquagésima Pascal) e celebrava-se juntos a Ascensão e Pentecostes como uma única festa.

A fixação do dia de Pentecostes é que deu origem a fixação de um dia dedicado à Ascensão do Senhor. Sob influência dos Actos dos Apóstolos, foi escolhido o 40º dia depois da Páscoa. Foi assim que a festa da Ascensão tornou-se independente do. Esta aparece na segunda metade do século IV, e no século seguinte já era celebrada quase por toda a Igreja. Neste período, em Roma, São Leão Magno dedica–lhe dois sermões. No entanto, deve-se afirmar com Egéria que, narrando a sua celebração, a supõe ainda unida ao Pentecostes.

O sacramentário de Verona contém seis formulários de Missa in Ascensa Domini. O sacramentário gelasiano nos apresenta com uma única Missa, orationes et preces in Ascensa Domini. No sacramentário gregoriano figura um formulário in Ascensa Domini»[5].

Os formulários de Missas do sacramentário de Verona, que acima citamos, são particularmente os mais ricos. O primeiro distingue-se dos outros, principalmente pelo seu prefácio. O prefácio do primeiro formulário insiste na glória do Senhor ressuscitado, que se manifestou de modo palpável a todos os discípulos no quadragésimo dia depois da ressurreição; visão de glória que os dicípulos confirmaram na sua fé e mereceu maior força nos seus ensinamentos.


O segundo formulário, que possui somente um prefácio próprio, salienta que, se a Ascensão do Senhor atesta que a descida do Verbo na carne não interrompeu a glória que desde sempre se tem junto do Pai, prova também que Jesus subiu no Céu com a natureza humana e que da mesma maneira o homem é participante da divindade.

O terceiro formulário, que possui somente um prefácio e um comunicantes, vê o rei da glória (Jesus Cristo) a tomar parte do seu trono de glória à direita do Pai, na presença dos Anjos.

O quarto formulário contém um prefácio e um postcommunio, insiste de que a Ascensão do Senhor constitui para nós uma promessa.

O quinto traz um prefácio e uma colecta, e afirma que os nossos olhos quando se voltam para o Céu se desapegam dos prazeres da terra.


Por fim, o sexto formulário apresenta uma oração antes do prefácio, um postcommunio e um comunicantes, salienta o facto de que, Cristo tendo levado a pleno cumprimento do seu ministério, permite ao homem livrar-se do demónio e o exalta ad superna dona substantiae. Bem que alguns autores encontram nestes textos o punho (a autoria) de São Leão Magno

O sacramentário gelasiano na sua última Missa oferece duas orações antes do prefácio. A primeira baseia-se no relato da Ascensão, recorda a promessa que com esse evento nos é feita, a saber: «viver com o Senhor na Pátria Celeste»[6].

O prefácio, por sua vez, nos relembra as várias etapas da Salvação. Proclama que com sua Ascensão, Jesus abriu-nos a porta do Céu ao encontro do Pai. Este sacramentário vê a subida do Senhor ao Céu como realização da nossa participação na divindade.


b) A Celebração da Ascensão hoje

O Missal do Vaticano II tirou o título Tempus Ascensionis, que no Missal de 1952 precedia o título In Ascensione Domini, uma vez que aquele título anulava o significado de Quinquagésima Pascal.

Na liturgia da festa da Ascensão estão propostos dois prefácios. A colecta da Missa foi composta recentemente, tal como os dois prefácios, destaca que a Ascensão do Senhor é também a nossa, isto é, a Ascensão de Cristo preanuncia a nossa ascensão.

De acordo com o novo Lecionário, algumas leituras foram alteradas. Ele apresenta para o ciclo trienal A,B,C, uma mesma leitura dos Act 1,1-11, em que se recorda a ressurreição e se narra a Ascensão do Senhor. Na 2ª são propostos 3 trechos do Novo Testamento. Para o ano A, Ef 1,17-23; para o ano B, Ef 9,1-13, e para o ano C, Heb 9,24-28; 10,19-23. Quanto ao Evangelho, também são propostas três leituras diferentes: para o ano A, Mt 28,16-20, para o ano B, Mc 16,15-20 e, para o ano C, Lc 24,46-53.


 
A hodierna Solenidade, caríssimos, é uma só com a do Dia de Páscoa: Aquele que admiramos ressuscitado em glória na Ressurreição, hoje, contemplamo-lo à Direita de Deus, com a mesma autoridade do Pai, e o proclamamos Cabeça da Igreja, Senhor sobre toda a criação, sobre toda a humanidade, Princípio e Fim da história humana e Juiz dos vivos e dos mortos. No Dia da Páscoa contemplamos o Cristo resplendente de Glória; na Festa de hoje, contemplamos o que essa glória significa para nós todos.



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